Todas as boas iniciativas devem ser valorizadas. Refiro-me à iniciativa de Elisabeth Rocha, professora de língua portuguesa, que, com apoio das diretoras Ediméia Maria Tosto Vaz e Cristiane Wendrechovski e da comunidade escolar de Rio Branco do Sul-PR, rememorou a história da fundadora da Escola Estadual Shirlene de Souza Rocha, onde desenvolvem suas atividades. Foi organizado um arquivo com fotos e textos que relatam momentos significativos da vida da professora.
Vida
Shirlene nasceu no dia primeiro de setembro de 1958 em Inçara, no município de Criciúma-SC, filha de Vicente Eduardo de Souza e Hilda Caetano de Souza. Teve seis irmãos: Rodinei, Ronei, Alba, Rosania, Maria e Vanderleia. Aos 16 de abril de 1967, Shirlene realizou a primeira comunhão na Igreja de São Sebastião em Criciúma. Na escola Reunida Padre Paulo Herdt cursou as séries iniciais. Com 14 anos de idade, deixou Santa Catarina e deslocou-se com a família para residir em Rio Branco do Sul. Trabalhou como balconista na loja do sr. Pedro Stresser.
Em 31 de maio de 1980, Shirlene e Antônio se casaram na igreja Nossa Senhora do Amparo. Tiveram dois filhos: Carlos e Thiago. Os amigos e familiares, carinhosamente, a chamavam de Ene. Aos 14 de novembro de 1996, Shirlene (com 38 anos) e seu filho Carlos (de 12 anos) faleceram num acidente de carro na Rodovia dos Minérios.
Educadora
Além de ter sido professora do ensino primário na Escola Municipal Nilce Farias Elias, engajou-se na defesa das questões sociais. Auxiliou os carentes no bairro Santo Antonio (onde residia), acompanhou as pessoas que precisavam de atenção médica e foi catequista. Sem dúvida, Shirlene de Souza Rocha foi uma mulher lutadora. Um ano antes de sua morte, se empenhou na implantação do Ensino Fundamental de 5.ª a 8.ª séries e da EJA-Educação de Jovens e Adultos de 5.ª a 8.ª séries. Vejamos como foi:
Em 1995, os representantes das associações de bairros Santo Antônio, Vila Buava e Santa Terezinha, preocupados com a educação das crianças e com a continuidade dos estudos de jovens e adultos, realizaram uma reunião com o prefeito, Bento Chimelli, e com a secretária da Educação, professora Dorli de Jesus Rocha Nodari, cuja finalidade era reivindicar a implantação do Ensino Fundamental de 5.ª a 8.ª séries e da EJA de 5.ª a 8.ª séries. Diante do proposto, a secretária da Educação solicitou que se fizesse um levantamento da demanda de clientela. A incansável professora Shirlene procurou os moradores para que assinassem o documento. Após conseguir o número suficiente de assinaturas, entregou o documento à secretária de Educação, que o encaminhou ao Núcleo Regional Área Metropolitana Norte.
Durante esse período de tramitação, Shirlene faleceu, porém a proposta foi aprovada pelo Núcleo de Ensino. A comunidade foi consultada para definir o nome da escola e a resposta soou como um coro: Escola Estadual Shirlene de Souza Rocha – Ensino Fundamental Regular e EJA, em homenagem a essa mulher que foi especial na vida da comunidade.
P.S. Nos próximos dias 10 e 11 de abril, os índios caingangues estarão administrando palestras e vendendo produtos artesanais nas escolas: Colégio Estadual Ângela Sandri Teixeira e CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos Ayrton Senna, ambas situadas na cidade de Almirante Tamandaré-PR. Caso haja interesse de alguma escola em receber os índios, ligar para o índio Alcino pelo telefone: 96417623.
Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, palestrante, pesquisador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. queirozhistoria@terra.com.br