Disposta a entrar na disputa pela audiência com uma história inédita, depois de reapresentar Mandacaru, a Band coloca no ar a novela Paixões Proibidas. A história que fala de amores impossíveis e tem como pano de fundo a chegada da Família Real ao Brasil, busca chamar a atenção do espectador com uma mistura de violência e sexo. Muito sexo. O casal principal, formado por Simão, de Miguel Thiré, e Teresa, da estreante Anna Sophia Folch, vive uma espécie de Romeu e Julieta. E responde pelo núcleo mais delicado de um enredo brutal. Só no primeiro capítulo, dois escravos foram amarrados, chicoteados e mortos a tiros pelo senhor. Enquanto isso, Simão e sua amante espanhola de Elisa de Mandeville e Alberto de Miranda protagonizaram cenas eróticas que tiveram de tudo – menos nu frontal. E, para encerrar, um estupro bastante realista. O horário das dez da noite – faixa em que é exibida a trama – é de grande tolerância.
Sob a direção de Ignácio Coqueiro, o folhetim agrega bom texto, fotografia competente e figurino impecável. Mas ainda não conseguiu cumprir a tarefa de atrair novos telespectadores para a emissora. Enquanto a antecessora registrava média de cinco pontos, o novo folhetim não passa de três. A produção é feita em parceria com o canal português RTP e tem em seu elenco nove atores da ?terrinha?. O sotaque carregado, por enquanto, ainda soa complicado aos ouvidos. Muitas vezes fica difícil entender os diálogos, já que a pronúncia portuguesa tem diferenças cruciais em relação à brasileira, como a ?quase ausência? de vogais.
A adaptação de Aimar Labaki para três livros de Camilo Castello Branco, ambientada em 1805, valoriza as cenas de impacto. Em alguns momentos, Paixões Proibidas faz lembrar os folhetins da extinta Manchete, recheados de sensualidade, com muitos casais na cama. A portuguesa São José Correa, bastante conhecida em seu país, é outro ?trunfo? para garantir alguns pontos no Ibope. A atriz divide cenas quentes com Felipe, que, depois de interpretar papéis medianos na Globo, ganha destaque na história. Mas não é apenas o sexo que sustenta a trama.
O bom texto de Aimar é que conduz a história. Os diálogos são sofisticados e fogem ao tatibitati que toma conta dos folhetins atuais. Embora a trama seja ambientada no século 19, o autor consegue ditar o ritmo da novela com as palavras. Em Paixões Proibidas, termos rebuscados não soam indiferentes aos ouvidos.
Os figurinos também se destacam pela qualidade. A equipe comandada por Ricardo Raposo se esmerou em caracterizar os 40 personagens fixos da trama, além de participações especiais e figurantes. Conseguiu o efeito desejado. São mais de três mil peças entre roupas e adereços que ajudam a identificar a época. Cabelos e maquiagem também parecem ter sido minuciosamente estudados para cada papel. Personagens mais ingênuos, como a protagonista Tereza, usam tons pastéis. Já os de índole duvidosa, como a Rita de Azevedo, vivida pela portuguesa Ana Bustoff, vestem roupas mais berrantes e cabelos extravagantes.
Ainda longe de incomodar a concorrência, Paixões Proibidas é uma alternativa para os telespectadores cansados de novelas sem ação e romances água com açúcar. É intensa, brutal e, às vezes, até mesmo grosseira. O diretor Ignácio Coqueiro consegue prender a atenção com cenas que permanecem na memória. Até o próximo capítulo.