Sesc Pompeia estreia mostra do alemão Joseph Beuys

Controverso, visionário, contestador, panfletário. Um dos mais influentes artistas do século 20, o alemão Joseph Beuys (1921-1986) marcou a história da arte contemporânea com uma obra multifacetada e ativista – que, para quem conhecia minimamente Beuys, sabia ser uma extensão de uma alma extremamente irrequieta. No Brasil, seu legado ganha a maior retrospectiva já dedicada ao artista, no Sesc Pompeia, em São Paulo, que será aberta hoje para convidados e a partir de amanhã para o público.

Realizada pelo Sesc São Paulo e pela Associação Cultural Videobrasil, a exposição “Joseph Beuys – A Revolução Somos Nós” agrupa 250 obras produzidas entre 1964 e 1986, com atenção especial para cartazes, múltiplos e vídeos (que trazem suas performances históricas e que acabaram se tornando importante suporte artístico para ele). A mostra exibe, ainda, documentários. Destaque do evento, a coleção de 200 cartazes surge reunida, em sua totalidade, pela primeira vez. Pertence ao colecionador italiano Luigi Bonotto e é considerada uma amostra significativa dos 300 cartazes produzidos por Beuys entre as décadas de 1970 e 1980.

“Ele é um dos grandes utópicos do século passado. Usa o próprio artista como manifestação e vê no homem um meio transformador”, conceitua o curador italiano Antonio d’Avossa, especialista em Beuys e que está em São Paulo acompanhando a exposição. Professor de História da Arte Contemporânea na Academia di Brera, em Milão, d’Avossa foi colaborador próximo de Beuys na fase italiana do artista. Segundo o curador, as conexões entre a obra do artista alemão e questões políticas e ambientais são estabelecidas num contexto amplo e artístico. “Havia sempre um ativismo político, como também um ativismo estético”, afirma ele. O mesmo vale para as questões ecológicas, que Beuys já abordava em suas esculturas, performances, entre outros suportes artísticos, de maneira pioneira. Um dos membros fundadores do Partido Verde na Alemanha, ele protagonizou, em 1982, uma ação impactante: a escultura viva batizada de 700 Carvalhos, “construída” a partir do plantio de 700 árvores, que foi criada para Documenta 7, importante mostra de arte moderna e contemporânea, em Kassel. Em São Paulo, a cerimônia será reproduzida no próprio Sesc no dia 18, às 10h.

A exposição traz à luz outros momentos emblemáticos, como a ação I Like America and America Likes Me, de 1974. Nela, Joseph Beuys, mais uma vez, se posicionava como parte integrante de sua obra. Para realizá-la, ele chegou aos EUA carregado numa maca, para não pisar em solo americano, revelando sua complexa relação com aquele país. Passou três dias num espaço pequeno, dentro da galeria Rene Block, em Nova York, ao lado de um coiote, símbolo americano. E voltou para o avião, novamente carregado na maca. Nessa época, conheceu Andy Warhol, artista que revolucionou a pop art, e de quem se tornou amigo. “Beuys não tinha a grande mídia ao seu lado, mas era o homem da propaganda. Ele propagava suas ideias em sua arte. Isso é genial. Ele tem essa diversidade de estratégias que saía da ação”, diz Solange Farkas, presidente da Videobrasil, envolvida neste projeto há três anos. Paralelamente à exposição, haverá outras atividades, incluindo seminário internacional, cursos, oficinas e visitas inspiradas nas práticas do artista alemão. As informações são do Jornal da Tarde.

Joseph Beuys – A Revolução Somos Nós – Abertura hoje, às 20h, para convidados. De amanhã a 28/11. De terça a sáb., das 10h às 21h; dom. e feriados, das 10h às 20h. Sesc Pompeia (R. Clélia, 93). Tel. (011) 3871-7700. Entrada gratuita.

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