Série resgata três álbuns históricos do grupo MPB4

O MPB4 tem uma longa discografia. Consciente disso, o jornalista Thiago Marques Luiz sabia da difícil missão que tinha de escolher apenas três discos para o projeto Três Tons de MPB4, a convite da gravadora Universal. A proposta da série, criada em 2012, é investir em reedições raras de álbuns fora de catálogo há muitos anos ou inéditos no formato CD. Foi o que direcionou Thiago. “A discografia do MPB4 é muito íntegra. Eles cuidavam da seleção de repertório muito bem, escolhiam os arranjadores certos, era tudo no seu devido lugar”, diz o jornalista, que também assina os textos do projeto. “Poucos discos deles foram relançados em CD e eu acabei escolhendo mais três inéditos nesse formato.” Além disso, pela primeira vez, eles ficarão disponíveis digitalmente.

Os títulos escolhidos foram 10 Anos Depois (Philips, 1975), Canto dos Homens (Philips, 1976) e Vira Virou (Ariola, 1980). Para Aquiles, os três são discos marcantes da carreira do grupo. Um dos álbuns mais vendidos nos anos 1970, 10 Anos Depois reúne clássicos como Manhã de Carnaval, Pressentimento e Canto Triste. “O 10 Anos Depois foi a primeira data redonda. Então, pegamos músicas importantes do repertório brasileiro de música. Gravamos há 40 anos. Não me lembrava de muita coisa. Ouço e fico surpreendido de como ainda estão atuais os vocais, os arranjos instrumentais feitos pelo Magro, está tudo muito contemporâneo”, avalia Aquiles Rique Reis, integrante do MPB4.

Canto dos Homens foi registrado no ano seguinte, em São Paulo, durante temporada de shows do grupo na cidade. “Canto dos Homens é outro disco importante, foi gravado num momento em que a ditadura estava mais ferrenha: a censura, as pessoas sumindo, padecendo em torturas. E esse disco tem essa carga, a gente nunca aliviou o nosso próprio repertório em função de tentar fazer uma coisa mais leve, mais palatável”, lembra Aquiles.

Já Vira Virou, de 1980, simboliza musicalmente o momento de reabertura política no Brasil. “Ali a gente pode começar a pensar em cantar para se divertir, para divertir os outros, não havia mais necessidade daquela postura toda de protesto. Nós nos sentimos orgulhosos, dentro das nossas poucas possibilidades, de ter contribuído para a redemocratização do País. Desde 1964, brigamos por isso.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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