Série ‘Papo de Polícia’ ganha nova temporada

Os passeios de barco e jet ski poderão até deixar o espectador pensar que se trata de mais um programa de viagem, entre as dezenas que preenchem a grade do Multishow. Porém, aqueles homens que vão aparecer navegando pelo Rio Paraná estarão em pleno serviço quando estrear a quarta temporada do Papo de Polícia, marcada para segunda-feira, 05, às 23 horas.

Em vez de favelas no Rio, a atração, produzida pela ONG AfroReggae, mostrará o dia a dia dos policiais federais Marcio Bouzas e Rafael Saraiva, responsáveis por fiscalizar o contrabando e apreender maconha em uma das divisas mais movimentadas do País. Apesar de passarem boa parte do tempo na água, garantem que o trabalho é duro. “No inverno, a sensação térmica pode ser de -5ºC na água”, revela Saraiva.

Para dar mais realidade, a dupla participa das operações com câmeras acopladas em seus fuzis, que mostram seus rostos durante prisões e perseguições. “É o ponto de vista deles”, explica Thiago Conceição, um dos diretores. Parte do equipamento pertence aos policiais, que têm o hábito de gravar as ações nas ruas. “A gente filma para ter o registro e tem um canal no YouTube”, conta Saraiva.

Para reduzir a interferência, a equipe do AfroReggae, com cinco pessoas, deixava os policiais sozinhos na maior parte do tempo e usou drones para as imagens de Foz do Iguaçu. “A gente ficou com medo de atrapalhar o trabalho deles. Havia dias em que eles não aguentavam mais a gente”, confessa Thiago. Os agentes ficavam mais apreensivos ao dar expediente com os profissionais de TV. “Você tem de elevar o nível de segurança”, ensina Saraiva. “Levei bronca porque saí do carro no meio de uma operação para fazer uma imagem”, relembra Jefferson Oliveira, também diretor.

Além das cenas cotidianas, os policiais também fazem vídeos caseiros, em que mostram a família. Mesmo com a exposição voluntária da vida íntima, os dois foram convencidos a participar. “Nossa relação de confiança com eles foi forte. Mas a equipe deles trabalha como nós, não tem tempo ruim”, avalia Marcio Bouzas. “Fácil não foi. Há um propósito maior que fez a gente aceitar. Era uma oportunidade de mostrar o nosso trabalho. A gente conversou bastante sobre a gravação, até porque a Polícia Federal não passa por um bom momento”, completa Saraiva.

Recentemente, a corporação pediu reajuste salarial proporcional a outros funcionários federais, sob a possibilidade de paralisação na Copa. Papo de Polícia mostra o lado menos glamouroso da PF. Na delegacia de Bouza e Saraiva há 20 agentes, que segundo eles, apreenderam 75 toneladas de maconha. “É um terço do apreendido no País. Nos últimos anos, as estatísticas caíram. Quer dizer que nosso trabalho está funcionando”, afirma o carioca Marcio Bouzas.

“A gente faz porque gosta, acredita que vai fazer a diferença. Trabalhamos 240 horas mensais. O normal são 160. Uso equipamento meu (acessórios para as armas)”, revela o baiano Rafael Saraiva. “Eles abdicam do lado pessoal para ir a lugares precários, onde não há cinema, criam os filhos longe da família”, defende Thiago Conceição.

De maneira didática, os sete episódios explicarão ainda o esquema da PF. Do material apreendido, produtos falsificados são destruídos. Os outros são doados a instituições de caridade, que organizam bazares e usam o dinheiro arrecadado. Apesar da distância dos traficantes das temporadas anteriores, os policiais dizem que a região em que atuam não é tão pacífica quanto parece. “Há vazamento de dinheiro para terrorismo internacional”, entrega Bouzas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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