Parece animação, mas não é só isso. Série da TV Brasil com estreia prevista para 20 de janeiro, Igarapé Mágico logo denuncia uma profundidade que distancia o plano dos personagens do plano do cenário. E personagens que, estranhamente, não parecem obra de desenho animado. Da produtora brasileira Dogs can Fly, feito sob encomenda pelo canal, Igarapé mira as crianças em idade pré-escolar, nicho de alta demanda no mundo todo. E representa um evidente avanço no conceito que se tem de animação e manipulação de bonecos.
A reportagem acompanhou com exclusividade o procedimento de finalização da produção, que parte de seis cenários desenhados à mão, depois modelados e texturizados em 3D. Algas, plantas, folhas e água foram individualmente animadas. Esse mundo passa então a ser habitado por dramaturgia de verdade, encenada por atores que manipulam bonecos e vestem macacões colados ao corpo, com capuz, em cor azul, como o Chroma-key ao fundo. A imagem dos atores é apagada para que só os bonecos sejam então inseridos no cenário animado para abrigar os personagens, a saber: a piranha Cotinha, o pirarucu Bitelo, o peixe-boi Maná, a garça real Pilherodius Pileatos, a perereca Quinha, a sucuri Ceci, o jacaré Jaca Zé e a mítica Iara, ser humano.
Dramatúrgica, a encenação dispensa dublagem. “Fazer o diálogo na hora não limita tanto o ator”, diz Hugo Picchi, que dá voz e movimento a Bitel, o filhote de pirarucu. A produção testou vários tecidos até chegar a um modelo que permitisse aos atores ficar encapuzados, sem perder o campo de visão. Os bonecos também foram alvo de longa pesquisa até se chegar ao font látex, material que não restringe movimentos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.