Ao anunciar, em 22 de junho, que a série Hannibal não chegará à quarta temporada, o canal NBC abriu uma polêmica entre os seguidores do canibal gourmet. A versão oficial do canal AXN, que exibe a terceira temporada no País desde sexta, é que o projeto foi concebido originalmente com apenas três temporadas de 13 episódios cada uma.

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O argumento é simples: a versão na TV precede os livros de Thomas Harris, criador do personagem, e a sequência de filmes que começou com O Silêncio dos Inocentes (1991) e terminou com A Origem do Mal (2007). Por esse raciocínio, se a NBC optasse por seguir em frente a trama acabaria se perdendo. Séries badaladas como Lost, Heroes e Revenge cometeram esse erro e terminaram de forma melancólica.

Por outro lado, é difícil acreditar que a decisão tenha sido apenas artística. Segundo revistas especializadas, Hannibal estava com a audiência muito abaixo da expectativa. Diante desse dado, pairam algumas perguntas. Se a ideia sempre foi a de uma trilogia, por que isso nunca foi dito? E qual a necessidade de fazer um comunicado anunciando o fim da série pouco depois da estreia da terceira temporada nos EUA?

Para os órfãos do psiquiatra canibal, por mais impressionante que seja o desfecho, previsto para agosto, Hannibal já entrou para a galeria das que deixaram os fãs na mão. Se existisse um ranking, ela estaria ao lado de fiascos como Drácula e FlashForward. A primeira, que contou com o astro Jonathan Rhys Meyers no papel do vampiro, foi anunciada com estardalhaço, mas cancelada com apenas uma temporada no currículo.

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O caso da segunda foi ainda mais dramático. Vendida como “a sucessora de Lost”, FlashForward começou de forma arrasadora, mas se perdeu e foi tirada da programação sem maiores explicações (e desfecho). O roteiro ficou com um buraco e o espectador com a impressão que perdeu tempo.

Na terceira e última leva de episódios, Hannibal (Mads Mikkelsen) está a caminho da Europa com sua psiquiatra, Bedelia Du Maurier (Gillian Anderson), oculta por uma nova identidade. Pela lógica da NBC, não é preciso de spoiler para saber que o protagonista será preso na Europa.

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Para quem não se lembra, O Silêncio dos Inocentes, longa com Anthony Hopkins como Hannibal, começa com ele preso e recebendo a visita de Jodie Foster, que interpreta uma jovem agente do FBI escalada para entrevistar o temido criminoso. Se optasse por seguir em frente, o canal teria muitas opções para manter o personagem ativo.

A relação entre o psicopata elegante e bem resolvido e o investigador especial que luta contra seus instintos é um caminho de possibilidades infinitas. Mas de fato a fronteira entre a série e o começo do livro (e dos filmes) impõe um caminho arriscado.

Depois de duas temporadas arrebatadoras e uma terceira promissora, Hannibal poderia virar um CSI sofisticado, com tramas e investigações que começam e terminam no mesmo episódio. O produtor executivo do programa, Bryan Fuller, se mostra disposto a correr o risco. Ele disse em entrevistas que a série ainda pode continuar em outra canal.