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Série comandada por James Cameron inclui nomes como George Lucas e Spielberg

James Cameron está com a agenda cheia, envolvido em quatro filmes da saga Avatar, dois prontos para começar a filmar e dois roteirizados, e na produção do primeiro Alita: Anjo de Combate, dirigido por Robert Rodriguez, e de três longas da franquia O Exterminador do Futuro. E ainda assim ele conseguiu encaixar a série documental A História da Ficção Científica por James Cameron, cujos seis episódios começam a ser exibidos nesta terça, 15, às 21h30, no AMC. “Eles me ofereceram a ideia. Se não fosse agora, quando seria?”, disse o diretor em entrevista ao Estado, em Los Angeles. “Sou fã de ficção científica desde uns 3 ou 4 anos. Faço ficção científica no cinema desde 1984, com O Exterminador do Futuro. Por que não dar algo como retribuição?”

Foi exatamente o que disse para George e Steven – no caso, George Lucas e Steven Spielberg, dois dos entrevistados da série, além de Ridley Scott, Guillermo del Toro, Christopher Nolan, Sigourney Weaver e Keanu Reeves, só para ficar nos mais famosos. “Falei: Caras, ganhamos nossa vida com isso. A ficção científica nos influenciou e nós a influenciamos e influenciamos muita gente. Vamos retribuir, falar do que nos empolga na ficção científica, qual nosso processo, nossas raízes.”

Cada episódio gira em torno de um tema: alienígenas, espaço sideral, monstros, futuro sombrio, máquinas inteligentes e viagem no tempo. Os cineastas falam sobre suas inspirações para algumas de suas maiores criações no gênero – Ridley Scott e seu Alien – O 8.º Passageiro”, Steven Spielberg e seu Contatos Imediatos do 3º Grau e E.T. – O Extraterrestre, George Lucas e seu Star Wars, Paul Verhoeven e seus Tropas Estelares e o próprio James Cameron e seu Avatar.

O diretor afirmou ter aprendido fazendo a série. “Fazer pesquisa e conversar com especialistas aprofundou meu entendimento sobre a ressonância entre a ficção científica e o zeitgeist do momento em que ela foi escrita ou criada. Quando você precisa aplicar um certo rigor de pesquisa e apresentar de forma clara para as pessoas, dá para realmente enxergar como aquelas histórias de invasores alienígenas tomando forma humana eram na verdade sobre os espiões comunistas nos EUA.”

Ou a importância histórica de Uhura, mulher e negra, no elenco de uma série de TV, Star Trek. “Whoopi Goldberg diz num dos episódios que não havia gente negra no espaço quando ela era criança. Uhura foi a primeira e, por isso, Whoopi quis fazer parte de Star Trek: A Nova Geração.” Para Cameron, ninguém definiu melhor do que Ray Bradbury, autor de Fahrenheit 451: “Ele dizia que não se pode matar a medusa sem olhar para ela num reflexo. Quando Perseu levantou seu escudo, a visão distorcida do monstro era com o que conseguia lidar. É assim que lidamos com as coisas das quais não podemos falar facilmente e por isso usamos a ficção científica e a fantasia”.

Sendo assim, o momento atual é mais do que fértil para a ficção científica. “Tivemos essa ilusão de progresso. Todos da nossa geração compraram a ideia de que o progresso era unidirecional, que as coisas só iam melhorar. E vemos agora a fragilidade disso. A tolerância pode dar lugar à intolerância. A ciência pode ceder espaço a ataques à ciência. Isso está acontecendo agora numa velocidade que não se via desde que a Igreja colocou Galileu na prisão, quando se trata de ciência do clima neste país. A ficção científica pode nos dar uma perspectiva histórica.”

James Cameron tem esperança, apesar do momento sombrio. “As pessoas estão bravas e perceberam que não podem ser complacentes. E a ficção científica nunca foi complacente. Ela que sempre foi capaz de olhar um futuro ameaçador nos olhos e servir como aviso.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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