Que Game of Thrones seria o bicho-papão das indicações para o Emmy já era esperado. Os rastros deixados pelo outro bambambã da premiação, Breaking Bad, contudo, surpreendem. Better Call Saul não está no topo dos mais lembrados, mas sua presença, embora não seja massiva, é reveladora.
É o legado de Mr. White, o professor de química que decidiu se tornar o poderoso chefão da metanfetamina mundial, mostrando-se forte o bastante para ser carregado pela série derivada, também criada por Vince Gilligan, diretamente para o gosto dos críticos votantes do conhecido como Oscar da televisão. Foram sete indicações, um número bastante relevante para uma série que, basicamente, atinge um nicho de adoradores de Breaking Bad.
O trabalho de Gilligan e do outro criador, Peter Gould, foi capaz de catapultar um personagem, cujas aparições na série original eram basicamente cômicas, para algo mais profundo. Trocaram o humor pelo drama, sem medo. Saul Goodman, o advogado canastrão de White, ganhou uma história de vida. Uma série independente, é bom dizer, sem apelar para as referências do massivo sucesso de Breaking Bad. E o Emmy reconheceu isso.
Era de se esperar mais da TV em streaming, porém. Embora Better Call Saul tenha chegado ao Brasil pelo serviço Netflix, é originalmente transmitido pelo canal norte-americano AMC. O streaming está representado apenas no quinto lugar entre os mais indicados para o Emmy. House of Cards, do Netflix, e Transparent, da Amazon. Os dois programas receberam 11 indicações cada um.
O mesmo número de Mad Man. A série, que se despediu neste ano, estabeleceu novos padrões na construção de narrativa na TV e merece ser homenageada pela crítica no Emmy – seria corrigir um erro, por exemplo, enfim dar uma estatueta a Jon Hamm, em mais um ano excelente como Don Draper, o adorável publicitário sacana.
“Foi um ano marcante para a televisão”, disse Bruce Rosenblum, presidente da Academia. “Do aniversário de 40 anos do (programa) Saturday Night Live, passando pela aposentadoria de David Letterman e pela conclusão de Mad Men, a criatividade, a influência e o impacto da televisão continuam a crescer e nunca foram tão fortes.”