Embora tenha começado a pintar nos anos 1960, foi só nos anos 1980 que Sérgio Sister passou a expor regularmente. Comemorando 30 anos de sua primeira individual, realizada em 1983, na Galeria Paulo Figueiredo, Sister mostra 30 obras na Pinacoteca do Estado, a partir de amanhã (23). São desenhos, pinturas e objetos realizados entre 1989 e o ano passado, que revelam a evolução das pesquisas cromáticas e espaciais do artista, inicialmente ligado à pintura figurativa. Estimulado pela visão de mestres modernos, como Paul Klee, e contemporâneos, como o norte-americano Brice Marden, Sister desenvolveu sua pintura no caminho da abstração, criando estratégias formais que dialogam com a tradição construtiva brasileira (de Milton Dacosta a Willys de Castro) e – especialmente – com a pintura de Marden e Sean Scully, duas referências que podem ser identificadas nas três séries de Sister integrantes da exposição, que tem como curador o crítico de arte Alberto Tassinari, um dos grandes ensaístas e filósofos da área.
É de Tassinari a autoria do texto do livro dedicado ao artista, que será lançado na mesma Pinacoteca em 21 de março. A obra traz ainda um ensaio fotográfico de Eduardo Ortega, cronologia de José Augusto Ribeiro e projeto gráfico do pintor Fábio Miguez, cuja carreira começou igualmente nos anos 1980, época marcada pela retomada da pintura após o longo reinado da arte conceitual, nos anos 1970. Na época, a técnica era considerada moribunda e foi deixada de lado pelos artistas. Sister, nascido em 1948, pertence à geração que testemunhou o boom neoexpressionista que trouxe a pintura de volta nos anos 1980, revelando artistas hoje consagrados, entre eles Nuno Ramos.
Como Brice Marden, que também andou na contramão nos anos 1970, pintando painéis monocromáticos – associados, por equívoco, ao minimalismo -, Sister teve uma espécie de epifania um pouco mais tarde, ao abjurar sua pintura figurativa, passando sobre ela grossas camadas de tinta preta. Um dos exemplares dessa fase, pintado em 1989, pode ser visto numa das três salas da exposição. Sister faz dessa tela o marco zero de suas experiências com novas texturas, sem emular propriamente a técnica de Brice Marden – que usava tinta a óleo misturada a cera de abelha e terebintina, aplicando a massa de cor com uma espátula. A questão de Sister era outra: ele não queria a opacidade da cor, mas trazer para a superfície seu reflexo, o que o levou a usar mica e alumínio a fim de criar um jogo visual com o espectador.
SÉRGIO SISTER – Pinacoteca do Estado. Praça da Luz, 2, 3324-1000. 3ª a dom., 10 h/ 18 h. R$ 6 (grátis sáb. e 5.ª, após 17 h). Até 5/5. Abertura amanhã, 11 h.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.