Sérgio Reis chega à casa de Renato Teixeira para ensaiar. Eles moram a menos de um quilômetro de distância, um do outro, na Serra da Cantareira, zona norte de São Paulo. “Grandão, ouve essa música que eu fiz”, diz Renato, abrindo uma pasta enorme, de 5 centímetros de espessura, com suas composições. Entre biscoitos, pães de queijo e um café recém-passado, Sérgio fica maravilhado. “Como é que você não me dá uma música dessas para gravar?” A resposta é simples: porque a canção foi feita naquela manhã. No dia seguinte, mais um ensaio. Outra música sai do forno. “O Renatao é irritante (risos)”, brinca o cantor, com uma liberdade de quem desfruta de uma amizade de 40 anos, forjada nas estradas da vida.
É por isso que o novo e primeiro trabalho assinado por ambos não poderia ter outro nome. É a síntese da relação entre os dois. Vendido em CD e DVD, separadamente, “Amizade Sincera” é a demonstração desta relação, registrada ao vivo no Teatro Fecap, em fevereiro deste ano. Com um repertório só com sucessos, o lançamento atingiu a marca de 42 mil unidades, vendidas apenas na primeira semana – 23 mil CDs e 19 mil DVDs.
Sérgio, cantando, e Renato, compondo, representam o que há de mais bem-sucedido na música sertaneja de raiz, em atividade. Para Renato, eles são frutos de um Brasil que não existe mais, um País rural que ficou perdido em algum lugar do passado. Foi pensando nisso que eles resolveram incluir músicos da nova geração sertaneja no trabalho. Como representantes dessa nova geração, estão a dupla Victor e Leo e a cantora Paula Fernandes.
A escolha do repertório é toda de Renato Teixeira. São dele, aliás, 10 das 22 canções do DVD e 6 das 14 do CD. Sérgio só aprovava a reunião de grandes clássicos do sertanejo de raiz. “Menino da Porteira”, “Amanheceu, Peguei a Viola”, “Romaria” e “Boiadeiro” são algumas delas, cantadas por ambos, em muita sintonia no palco. Mas Renato fez questão de incluir “Companheiro Meu”, uma música criada há dez anos, em que canta as amizades feitas durante todos esses anos na estrada.