Sergio Britto e Suely Franco se reencontram no teatro

Personagens centrais da peça “Recordar É Viver”, Alberto e Ana são um desses casais que calam em algum lugar da memória. Como se você já os tivesse visto antes, como se carregassem mesmo algo de arquetípico. Em outros tempos, foram apaixonadíssimos. Hoje, aquele ímpeto inicial se amainou. Ficaram um tanto distantes e um tanto cegos um para o outro. Transformaram a troca de ofensas e as mágoas recíprocas em rotina.

Fora do palco, o par que Sergio Britto, 87 anos, e Suely Franco, 71, interpretam é bastante diferente desse da ficção. Os atores, que protagonizam a montagem que estreia hoje, no Sesc Consolação, nunca foram casados na vida real. Mas exibem personalidades que se complementam naturalmente, como apregoam os melhores manuais românticos: Ele, mais circunspecto. Cioso das palavras. Ela, solar. Exageradamente sincera e espontânea.

Os dois já contracenaram juntos em “Outono, Inverno”, em 2007. Suely veio substituir Laura Cardoso e acabou ficando até o fim da temporada. Ele também a dirigiu em espetáculos, como “Cafona, Sim, e Daí?”, em 1997, e “Ai, Ai, Brasil”, uma grandiosa montagem de 2000, que fazia referência aos 500 anos do Descobrimento.

Vale destacar que a atriz fez sua estreia profissional no teatro ao lado de Britto, em “O Beijo no Asfalto” (1961). Em seguida, trabalharam no “Grande Teatro”, o programa que Sergio produziu e dirigiu na TV Tupi. “Lá, fizemos muitas coisas juntos. Nem imagino quantas vezes interpretei namoradas, amantes e mulheres do Sergio Britto. Era uma peça diferente por semana, durante 12 anos. Faz a conta de quanto dá”, ela desafia. “Não exagera”, ele retruca, como um bom marido implicante. “Foram nove anos. Fizemos, no total, 386 peças.”

Depois desse período, os dois afastaram-se. Sergio Britto soube converter o brilho como ator de composição em talento incomum para desbravar os novos terrenos do teatro contemporâneo. Passeou, sem sustos, de Georges Feydeau a Samuel Beckett, de Pirandello a Harold Pinter. Do outro lado da trincheira, Suely sempre demonstrou pendor para as comédias e o teatro musicado. Conquistou reconhecimento pela graça que emprestou às personagens de Leilah Assumpção. E nova consagração em 1998, pela atuação como Linda Batista, em “Somos Irmãs”, musical de Sandra Louzada. Agora se reencontram justamente em uma peça que trata de lembranças e diferenças, como “Recordar É Viver”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Recordar É Viver – Sesc Consolação (Rua Dr. Vila Nova, 245). Tel. (011) 3234-3000. 6ª e sáb., 21 h; dom., 19 h. R$ 32. Até 27/2.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo