Serginho Carvalho e seus contatos imediatos

Foi uma brincadeira, dessas que demonstram total descontração e liberdade criativa. O saxofonista Marcelo Freitas finalizou “Cravo e Canela” (Milton Nascimento) – uma das músicas que o grupo liderado pelo compositor e contrabaixista Serginho Carvalho tocou no bar Madeleine no fim de março – com “Wild Signals”, que John Williams compôs para “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, de Steven Spielberg.

Freitas ainda se explicou para a plateia. Após o último sopro, disse que a bola estava quicando na área e não poderia deixar de chutar para o gol. Risadas, para completar a emoção. É nesse clima que o quarteto de Serginho, completo com o baterista Pedro Ito e o guitarrista Agenor de Lorenzi, apresenta-se toda segunda-feira no bar da Vila Madalena, em São Paulo, com um repertório variado: de “Redemption Song” de Bob Marley a “Nanã” de Moacir Santos e “All the lonely people”, dos Beatles, tudo improvisado no melhor espírito jazz. Não dá para chamar de “pop” o que esses caras andam aprontando.

“Eu montei o projeto no Madeleine para que o leigo possa se interessar por música instrumental, num esquema que todo mundo curta, músicos e o público em geral. Por isso, a qualquer momento, uma música pode ser citada em trecho de outra música, mas tudo baseado em música instrumental e world music”, explica Serginho.

Naquela noite de fim de março, a apresentação contou com a participação especial do violonista Chico Pinheiro, amigo muito “liso”, como definiu o contrabaixista e compositor Serginho, ao chamar o compadre para o palco. Hoje, às 19h, Serginho estará com o menino Chico, no Sesc Carmo, onde apresentarão, na companhia de Luciana Alves (voz), Edu Ribeiro (bateria), Fabio Torres (piano) e Paulo Paulelli (contrabaixo), as músicas do quarto disco do violonista, também cantor e compositor: “There’s a Storm Inside”, lançado no Brasil com o nome de “Flor de Fogo”.

Após mais de uma hora de show, Serginho correrá para o Madeleine: seu show deve começar por volta das 22h. Especialmente hoje, estarão no palco o líder da banda, o baterista Pedro Ito e Agenor de Lorenzi, que trocará a guitarra pelo acordeon. “A princípio será assim, porque se pintar algum amigo com outro instrumento eu chamo para o palco”, conta Serginho.

Seu contato íntimo com a música começou por influência de seus pais em Manaus, dos 13 aos 18 anos. Serginho começou a carreira profissional aos 18, quando chegou em São Paulo sem qualquer perspectiva, mas com muita garra. Como se define um músico de rua, que aprendeu a tocar de ouvido, conseguiu uma bolsa para estudar na Clam, a escola de música do Zimbo Trio, mas já atuando na noite de São Paulo.

Desde então, foi alcançando vários níveis desse contato imediato com a música, apresentando-se com Djavan, Léo Gandelman, César Camargo Mariano, Rita Lee, Zélia Duncan, Cláudio Zoli, Jair Oliveira, Pedro Mariano, Projeto Artistas Reunidos, Banda Black Rio, Bruna Caram, Paula Lima, Max Viana, Clube do Balanço, Luciana Melo, Max de Castro, Simoninha, Zeca Baleiro e Glaucia Nahsser.

Mas o quinto grau desse contato acontece quando o músico toca no Madeleine algumas de suas oito composições, que estarão em breve em seu disco, contando com a participação do próprio Chico Pinheiro e Márcio Guimarães nos violões, Toninho Ferragutti no acordeon, Marcelo Martins e Sergio Santos nos saxofones, Tiquinho no trombone, Jota Erre na percussão, Sérgio Machado na bateria, Walmir Gil no trompete, Adriano Magoo no teclado, entre outros. “Uma coisa é me ouvir com o Djavan ou Chico, o Seu Jorge, o Zeca Baleiro e outra é me ver tocando no Madeleine, onde tem a essência da minha música, minhas influências.”

Para o disco virar realidade, Serginho ainda precisa de grana para bancar umas mil cópias e um selo para distribuir o disco. Enquanto isso não acontece, é possível apreciar seu som por meio do site www.myspace.com/serginhocarvalho e às segundas-feiras à noite. “Manaus”, “Samba Amigo” e “Meu Velho” são exemplos do contato imediato de quinto grau de Serginho, que também vão para o palco do bar, onde ele ainda toca “Dizem por aí”, um baião árabe inédito.

CHICO PINHEIRO

SESC Carmo

Hoje, às 19h

Rua do Carmo, 147, Centro

Tel.: 3111-7000

SERGINHO CARVALHO

Hoje, às 22h

Bar Madeleine

Rua Aspicuelta, 201, Vila Madalena

Tel.: 2936-0616

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