Maria Conceição José Correia é uma atriz ainda desconhecida no Brasil. Mas em Portugal, São José Correia, como é chamada com a abreviatura de seu nome, é uma das atrizes de maior renome, comparável a Glória Pires por aqui. Pela primeira vez no Brasil, a bela lisboeta é uma das apostas da Band na escalação do elenco português para Paixões Proibidas. Na trama adaptada por Aimar Labacki, Elisa, personagem de São José, é a tradução da sensualidade. Criada na aristocracia parisiense, Elisa de Mandeville é a Duquesa de Ponthieu. Com sobrenome nobre, a personagem, órfã de mãe na infância, é uma mulher sofrida e referência materna para o problemático irmão Arthur, vivido pelo também português Carlos Vieira. Arthur vive uma relação possessiva com a irmã. Ele sente ciúmes da paixão de Elisa por Alberto, de Felipe Camargo. ?Meu núcleo é mínimo. O Carlos é o único colega português com quem contraceno. De brasileiros, minhas cenas são mesmo com o Felipe. Essa dualidade faz com que minhas aparições sejam muito ricas?, valoriza, com seu carregado sotaque lusitano.
No meio desse triângulo, que tem uma faceta quase incestuosa, a portuguesa de 33 anos só estranha um pouco as cenas para lá de ?calientes? com Alberto. Como Elisa é uma personagem passional e sedutora, volta e meia aparece em tórridas tomadas com o amante, ?takes? que não são tão usuais nas novelas gravadas em Portugal. ?São cenas muito difíceis. A equipe toda fica constrangida com o nu, mas contei com o apoio do Felipe. Na verdade, nunca tive cenas tão elaboradas sexualmente como essas?, confessa a atriz, que na trama lusitana Ninguém Como Tu, em 2005, também viveu a também ?calorosa? Leonor. ?Mas o Ignácio Coqueiro trabalha bem a sexualidade da Elisa com sensualidade. Não são cenas gratuitas de sexo?, defende São, referindo-se ao diretor de Paixões Proibidas.
Mas o que a atriz realmente tem estranhado em sua primeira visita ao Brasil é não ser reconhecida nas ruas nem ser perseguida pelos ?paparazzi?, como acontece em Portugal. ?Lá não posso nem sair com um amigo e ir a um café que já inventam um romance. Ainda bem que não me inventam muitos namoros. Sou quieta?, garante a atriz, ainda solteira.
No Brasil, São assegura que não tem tido tempo para sair. A portuguesa praticamente vive no itinerário estúdio-cidade cenográfica-casa. Morando provisoriamente na Barra, bairro da zona oeste do Rio, São garante que quando não está sob o pesado figurino de época, passa seus dias estudando o comportamento das mulheres do século XIX. ?Você sabia que elas não cruzavam as pernas? E nem cruzavam os braços??, indaga, bem-humorada.
Todo este afinco na composição de Elisa reflete o cuidado da atriz ao elaborar sua primeira personagem de época. Além de pesquisar se as palavras que recebe no roteiro realmente existiam no século XIX em Portugal, São conta com o acompanhamento de uma fonoaudióloga para fazer com que seu português fique mais audível para os brasileiros. Aliás, essa produção, que é quase um intercâmbio luso-brasileiro, tem sido um motivo de orgulho para São. ?Essa parceria abre um mercado maravilhoso. Nessa novela, os portugueses e os brasileiros têm a mesma importância. Ninguém serve a ninguém?, elogia. Mas ao ser questionada se pretende continuar fazendo novelas no Brasil, São mostra que já aprendeu a se desvencilhar com o típico jeitinho brasileiro. ?Não penso muito na frente. Estou entregue a esse projeto de coração e alma. Só espero que dê audiência?, torce.