Um dos principais nomes surgidos entre os artistas plásticos da chamada Geração Oitenta, Daniel Senise (Rio de Janeiro, 1955) apresenta suas obras mais recentes. A exposição é composta de 23 pinturas, algumas inéditas. Entre elas estão os trabalhos realizados entre 2000 e 2006. O Museu Oscar Niemeyer abre para jornalistas e convidados, na próxima terça-feira (25), às 19h, a mostra Senise 2000 ?2006. O público poderá visitar a exposição de 26 de julho a 05 de novembro, de terça a domingo, das 10h às 18h.
O curador e crítico de arte Agnaldo Farias diz, porém, que a mostra enfatiza a apresentação das obras realizadas nos últimos quatro anos. Segundo ele, são monotipias retiradas por Senise de ?pegadas do chão?, realizadas pelo processo de impressão. Uma das técnicas consiste em colar tecidos ao chão, recortá-los em retalhos, em diferentes ângulos, para depois desenhar ou ?pintar? o espaço na tela por colagem.
?A obra faz aludir a uma coisa que não está lá, mas que deixou rastros. Existe uma memória. Há resíduos do amor e da morte. Não dá para pensar o momento atual sem trazer o passado. Senise faz isso com uma visão contemporânea, revisa o passado e o transforma, alterna.?
Organizados em três séries, esses trabalhos são apresentados no núcleo chamado Chãos. Em algumas dessas obras, o artista criou suas superfícies com tecidos e lençóis provenientes de um hospital e de um hotel. As duas séries restantes mostram pinturas históricas do artista e outras composições mais complexas, compostas pela utilização de elementos arquitetônicos.
?Os quadros dele são uma arena, como a marca deixada na tela dos pregos oxidados. Senise faz pintura, na acepção ampla. Tem a idéia da pintura como uma superfície, o que é uma visão muito contemporânea do processo?, define Farias. Ele lembra que o artista se utilizou dos pincéis nos anos 80, fase que tornou-se o marco para um avanço ininterrupto. As obras ganharam outras significações e a pintura a experimentações de novas técnicas e processos, ?surgindo sempre nova e original?.
O artista é oriundo da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e iniciou sua carreira estudando pintura com John Nicholson e Luiz Áquila. Atualmente, divide o tempo entre seus ateliês em Nova Iorque (EUA), e no Rio de Janeiro, participando ativamente do circuito internacional das artes visuais. Sinônimo de reconhecimento, as obras de Senise estão presentes em coleções dos principais museus dos Estados Unidos, da Europa e de outras partes do mundo.
Farias alerta que o público que visitar a exposição deverá ?perceber que uma das regras essenciais da poética? de Senise consiste no jogo de referências. ?Inventora e inventada pelo tempo, a linguagem, no caso a linguagem visual, mais precisamente algumas das variadas formas e léxicos expressivos inventados pelos séculos, comparecem embaralhados nessas telas. Será possível reconhecer imagens familiares ou, ao menos, formas de representação familiares; o modo peculiar como ele exerce a crítica da pintura, reflete sobre sua razão de ser nos dias de hoje. Trata-se, pois, de uma obra difícil. Não obstante atraente. Capaz de nos deixar em estado de atenção, como nas noites de insônia quando, em estado de vígilia, perscrutamos os objetos e os espaços da nossa casa que, submersos na noite, ampliam seus mistérios.?
Geração Oitenta
Para o produtor Fábio Coutinho, o conjunto selecionado faz ?um recorte preciso da produção de Senise, além de um panorama do período da retomada da pintura e seus desdobramentos na história recente da arte brasileira?. ?Senise é possivelmente o primeiro nome à cabeça, quando o assunto é Geração Oitenta ?aquela em que a produção artística contemporânea firmou-se e se expandiu?, enfatiza Agnaldo Farias.
O crítico afirma que a produção de Senise ?é das mais consistentes e, como tal, exige ser mais conhecida?. Não só a dele. Ele analisa que, em 2006, ainda se vive sob a paradoxal constatação de que, no Brasil, ?as artes visuais mantêm-se invisíveis, mas prosperam?.
?Um dos equívocos ensejados pelo desconhecimento e pelo repasse acrítico de informações superficiais insiste em localizar a produção dos anos 80 como fundamentada no binômio arte e prazer. A obra de Daniel Senise, como se confirma através dessa seleção de obras recentes, é uma prova contundente no que se refere à improcedência dessa noção.?
Ele ressalta que se trata de uma obra marcada pela inquietude e pelo modo peculiar com que experimenta o tempo. ?E porque lida com ele, seu trabalho nunca é suave, efusivo e alegre. O tempo é um senhor grave, como suas telas em tons terrosos, arquiteturas sombrias e eloqüência silenciosa.?
Serviço:
Daniel Senise 2000 – 2006
Abertura Público: 26/07
Período de Exibição: até 05/11
Onde: Museu Oscar Niemeyer – Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico ? CEP: 80530-230
Telefone: (41) 3350-4400
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h
Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes identificados
(Crianças de até 12 anos, maiores de 60 e grupos de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental, agendados não pagam)
Solicitação de Agendamento – www.museuoscarniemeyer.org.br, na pasta Ação Educativa, em Agendamento.