Sem marketing e sem didatismo – Seis anos de Rascunho

Capa_Rascunho_72.jpgO 72.º número do jornal literário Rascunho ? edição que marca os seis anos de circulação nacional da publicação da Letras & Livros, de Curitiba ?, destaca um ensaio de fôlego produzido pelo escritor e jornalista José Castello, em que o autor propõe uma volta à leitura dos grandes livros, um retorno à experiência do puro prazer de ler, aquele que passa longe das regras ditadas pela moda, pelo marketing, pela burocracia ou pelo didatismo. ?Vivemos, nesse início de século, em um universo literário dominado pelas teorias, pelas leituras dirigidas, pela especialização, pela luta de prestígio entre as várias escolas de interpretação?, escreve Castello. ?Num universo ocupado pela figura do leitor especialista, do erudito, do doutor de escola, daquele que ?sabe o que lê?, a literatura se apequena.?

Outro destaque desta edição de aniversário é uma longa entrevista com o crítico literário Wilson Martins. Numa conversa com o jornalista Rodney Caetano, Martins discorreu sobre de que modos a leitura, a informação e o conhecimento são compreendidos pela contemporaneidade. ?Em outros tempos, a leitura era uma a maneira de integrar o intelecto?, afirmou o crítico. ?Hoje tudo se fragmenta no cinema, na televisão, na internet, nos enormes interesses econômicos, na propaganda.? Para ele, ?noções fáceis, popularizadas pela televisão e pelo jornalismo, passaram a predominar no espírito das pessoas?. ?Machado de Assis não tinha outro horizonte a não ser os livros e os jornais?, disse Martins. ?Se vivesse nos nossos dias, ele provavelmente teria outro critério de interesses e avaliação.? A entrevista é precedida por uma crônica do jornalista Marcio Renato dos Santos sobre o seu relacionamento pessoal o ?mestre da crítica?.

O Rascunho de abril também traz diversas resenhas de livros brasileiros como Quem Faz Gemer a Terra e Logo Tu Repousarás Também, de Charles Kiefer (por Paulo Krauss); A Cidade Devolvida, de Whisner Fraga (por Ronaldo Cagiano); Teresa, Que Esperava Uvas, de Monique Revillion (por Moacyr Godoy Moreira); Contos Cruéis ? As Narrativas mais Violentas da Literatura Brasileira Contemporânea, volume organizado por Rinaldo Fernandes (por Nilto Maciel); O Paraíso É Bem Bacana, de André Sant?Anna (por Paulo Bentancur); Carnaval, de João Gabriel de Lima (por Andrea Ribeiro); e Mano Juan, de Marcos Rey (por Fabio Silvestre Cardoso).

Ainda nos dois primeiros cadernos desse número, dedicados à produção literária nacional, o poeta Álvaro Alves de Faria analisa as obras mais recentes de cinco colegas de verso: Neide Archanjo, Fernando Paixão, Simone Homem de Mello, Cyro de Mattos e Lília A. Pereira da Silva. Respondendo às críticas que recebeu por seu artigo ?Dom Casmurro, Obra-prima de um Gênio? Não e Não!?, publicado no Rascunho 68, o escritor Domingos Pellegrini investe em outro texto polêmico: ?Exigir Ética É Ser Moralista??. O escritor Nelson de Oliveira, no artigo ?Os Dois Lados do Círculo?, discorreu sobre vários autores cuja obra se caracteriza por uma amenização das diferenças entre prosa e poesia. O colunista Eduardo Ferreira publica um texto sobre o historiador, poeta e tradutor Bartolomé Mitre, presidente argentino na época da Guerra do Paraguai. E Rinaldo Fernandes, em sua coluna Rodapé, debate a falta de espaço que se dá, no mercado editorial brasileiro, aos autores chamados ?da periferia?, distantes do eixo Rio?São Paulo.

Viramundo

No caderno Viramundo, dedicado à produção de literatura estrangeira, o jornalista Irinêo Netto comenta o novo romance do inglês Nick Hornby, Uma Longa Queda. O escritor Luiz Paulo Faccioli analisa três obras do norte-americano Truman Capote: A Sangue Frio, Bonequinha de Luxo e Música para Camaleões. O jornalista Adriano Koehler resenha os livros Marca-d?água, do russo Joseph Brodsky, e Cosima, da italiana Grazia Deledda. Sobre À Espera dos Bárbaros, do sul-africano J. M. Coetzee, escreveu o jornalista Fabio Silvestre Cardoso. E o também jornalista Paulo Camargo se encarregou das obras Howards End e Maurice, do inglês E. M. Forster. 

Completando o Viramundo, o crítico literário Paulo Franchetti colaborou com o texto ?Nas Pegadas de Dante?, que trata da importância de ler autores que sedimentaram os caminhos da literatura. 

Dom Casmurro 

Além da publicação de três novos capítulos do romance-folhetim O Inglês do Cemitério dos Ingleses, de Fernando Monteiro, destacam-se no caderno Dom Casmurro (destinado à publicação de prosa e poesia inéditas) os contos de Rodrigo Gurgel, ?O Nome de Amor?, e de Manuel Jorge Marmelo, ?Genoveva Perde a Guerra?. Marmelo é português, nascido no Porto, em 1971, e publica seu texto na seção Oceanos ? Literaturas de Língua Portuguesa, organizada por Luiz Ruffato. O caderno ainda traz três poemas de Marco Polo Guimarães, editor da revista Continente Multicultural, e o resultado do 1.º Prêmio Unimed/ Rascunho de Contos e Crônicas. Venceram o concurso os médicos Sergio Murilo Regula Esposito, com o conto ?Tradição e Família?, e Paulo Tadeu Poli, com a crônica ?Biruta?.

Mais: na coluna Prateleira, leia sobre os novos lançamentos e reedições de autores como Caio Fernando Abreu, Hilda Hilst, Matthew Pearl, Pierre Frei, Damon Galgut, Andrea Camilleri, Louis Auchincloss e Luis Sepulveda.

Para assinar o Rascunho

O Rascunho é um jornal literário de circulação mensal e nacional, criado em Curitiba, em abril de 2000, pelo jornalista Rogério Pereira. Sua assinatura semestral custa R$ 30. Para assiná-lo, os interessados devem escrever para rascunho@onda.com.br.

www.rascunho.com.br   

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