Os arqui-rrivais Lula e Alckmin são os que têm mais tempo e verba. O primeiro buscou colorir de rosa a situação do país basicamente mostrando a boa performance dos índices da economia. O segundo tentou apagar a imagem de político local de São Paulo e colocou vários depoimentos de imigrantes de outros estados falando que ele é o máximo, com sotaques de todos os cantos do Brasil.
O candidato do PSDB enfatiza as obras realizadas em São Paulo, seu trabalho na medicina e não deixa de explorar as imagens da família, que como sempre aparece unida e feliz nessas ocasiões. ?Um homem com visão de futuro? é como se define Geraldo Alckmin, que insistiu em usar apenas o nome Geraldo, talvez por achar que Alckmin é complexo demais para a capacidade do eleitor. Antes do início da campanha, o partido de Geraldo fazia questão de classificar o programa Bolsa Famíla como uma espécie de estelionato eleitoral. Desta vez, falando ao povão, insistiu em afirmar que o programa seria mantido e até ampliado.
Lula, por sua vez, não escapa do ?déjà vu? em relação a 1989, 1994, 1998 e 2002. Novamente fala da infância pobre no nordeste, do trabalho como vendedor de amendoins quando chegou ao sudeste ainda pequeno e da sua luta como metalúrgico. A lengalenga é embalada ao som de músicas nordestinas, como xaxado e baião, ritmos, aliás, que estão em alta no ?hit parade? do horário eleitoral, por transmitirem uma idéia de regionalismo sem modismo. Lula não se explica sobre seus primeiros quatros anos. Diz apenas que sua consciência está limpa.
Heloísa Helena, do PSol, tem pouco tempo para falar e prefere ocupar esse espaço com o incansável discurso de combate à corrupção e aos sanguessugas. Prega uma imagem fortemente ligada à simplicidade e honestidade, também embalada por ritmos nordestinos. Na urgência do pouco mais de um minuto, Heloísa se limita a reforçar as idéias que até agora lhe renderam em torno de 12 pontos nas pesquisas.
O candidato do PDT, Cristovam Buarque, tem um pouco mais de tempo – quase três minutos – e um discurso ainda mais direcionado. Cristovam explica de maneira simples como sua prioridade máxima, a educação, está ligada à resolução de todos outros problemas que atormentam os brasileiros. E promete fazer um samba de uma nota só até o fim da campanha.
Mas é verdade, no entanto, que ninguém tem exclusividade sobre temas ou discursos. Por isso mesmo, quem tem mais tempo ou menos direção, afirma ter várias prioridades, que é o mesmo que afirmar que não tem nenhuma. Mas todos foram unânimes numa coisa: silenciaram em relação à violência. Não é coincidência. É coisa de marqueteiro.