Sem cerimônia

Letícia Spiller não teve receio de pedir para participar do mais novo projeto de teledramaturgia da Globo. Determinada a integrar o elenco da minissérie Amazônia de Galvez a Chico Mendes, procurou a autora da história, Glória Perez, e se convidou. ?Pedi para a Glória um papel. Meu coração já está no Acre e eu tinha que fazer parte desse projeto?, confessa a atriz, que nasceu no Rio de Janeiro, bem longe, portanto, do estado da Região Norte brasileira. Na minissérie, ela vai dar vida à seringueira Anália.

 Parentes no Acre, o que poderia justificar a paixão da atriz pelo lugar, Letícia também não tem. Mas antes de iniciar as gravações da produção global, ela já tinha ido para a região duas vezes. ?Fiquei em uma comunidade indígena, na fronteira com o Peru e percorri todas as comunidades ao longo do Rio Juruá?, conta. E ela gostou tanto da experiência que, junto com amigos, filmou um documentário que está editando agora. ?A filmagem foi amadora. Mas esse pessoal com quem viajei já tinha elaborado outros projetos sobre meio ambiente e preservação?, explica.

 O contato com a região, no entanto, não supriu sua necessidade de aprender mais sobre o povo da região para interpretar a personagem. ?Conheci os seringueiros e aprendi com eles até a extrair látex das árvores?, diz, empolgada. Letícia também se aproximou das acreanas. Lavou roupa, cantou e cozinhou com uma senhora de 80 anos. ?Minha personagem na minissérie cozinha muito bem. E minha primeira cena é na beira do rio, cantando e lavando roupa?, adianta ela, que só aparece na segunda fase da história, época em que os seringais e a produção de borracha já estão em declínio.

 Na trama, Anália é ?cria? do coronel Augusto, vivido por Humberto Martins. ?E é namoradinha dele também?, completa Letícia, ao explicar que os costumes da região são bem diferentes dos encontrados nos grandes centros urbanos. Tanto é que o próprio coronel arruma um casamento para ela. Anália se casa com Tiburtino, personagem de Ernani Moraes. ?Ela vai ter cinco filhos, mas quatro são a cara do coronel Augusto?, insinua.

 O que mais agradou à atriz, no entanto, é a maneira feliz de viver das pessoas no Acre. Característica que sua personagem também carrega. ?Anália tem uma alegria que as pessoas daquele lugar têm. Uma alegria sem motivo concreto?, explica. Um sentimento que Letícia garante ter levado para a sua vida também. ?O povo de lá me ensinou a ser feliz sem precisar de muita coisa. Eles não têm quase nada, mas têm a floresta?, destaca, ao explicar que esse modo de vida é muito parecido com a filosofia pregada pelo budismo, doutrina que ela segue.

 Letícia lembra que toda a paixão pela região amazônica e por assuntos relacionados a questões ambientais é antiga. ?Desde criança tinha curiosidade em conhecer esses locais?, confirma. Mas o amor ao meio ambiente também é assunto familiar. ?Minha irmã é da WWF e viaja pelo Brasil inteiro fazendo palestras de conscientização?, acrescenta.

 A atriz quer transmitir essa preocupação com o meio ambiente às futuras gerações de sua família. Durante as gravações, ela não pôde levar o filho Pedro, de 10 anos, para o Acre. Mas espera que isso aconteça em breve. ?Pensei muito nele quando estive lá. Daqui a um tempo eu o levo. Pedro vai se identificar com tudo aquilo?, espera. E, ao falar da paz que sentiu enquanto esteve no local, manifesta ansiedade por ver o resultado do trabalho na tela da tevê. ?A Anália é uma mulher da terra. Uma personagem que me trouxe paz. Espero que essas boas sensações transpareçam no vídeo?, torce. 

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