Seleção de Tiradentes propõe trânsito entre telas e linguagens

Pelo terceiro ano consecutivo, a Mostra de Tiradentes desembarca em São Paulo, numa parceria da empresa mineira Universo Produção, que organiza o evento, com a rede Sesc. Este ano, como o Cinesesc está fechado para reforma, a Mostra de Tiradentes aloja-se no Sesc Consolação, a partir desta terça-feira, 17. Como eixo da programação, a Mostra Aurora ressurge inteira, mas há também uma síntese das demais seções, incluindo oficinas e debates, e tudo de graça. Serão 12 longas e 17 curtas. O grande vencedor do prêmio da crítica na Aurora deste ano foi Mais Que Eu Possa Me Reconhecer, de Allan Ribeiro. O vencedor do prêmio do público passou no Cinema da Praça na cidade mineira. Foi o documentário O Dia do Galo, de Cris Azzi e Luiz Felipe Fernandes.

Na quinta, 19, por uma dessas coincidências de programação, estreia Branco Sai, Preto Fica, o belo filme de Adirley Queiroz, que, antes de vencer o Festival de Brasília do ano passado, havia integrado a seleção da Mostra Aurora de 2014, em janeiro. Cineasta das quebradas de Brasília, Queiroz iniciou-se em Ceilândia, onde segue vivendo, e fazendo seu cinema. Apesar do prêmio na Capital Federal, Queiroz não faz segredo. Seu festival brasileiro preferido é a Mostra Tiradentes. “Além de um astral maravilhoso, virou a vitrine da produção autoral, independente. Tiradentes permite que o cinema mais ousado e criativo aconteça.”

O próprio curador da Mostra Aurora, Cléber Eduardo, explica – “São filmes que, pelas propostas desafiantes, correm o risco de ficar sempre na invisibilidade. Precisam de um trabalho processual de provocação de olhares e sensibilidades, de alargamento de possibilidades de olhar para ter um público segmentado, mas existente e exigente.” A Mostra Tiradentes deste ano, de número 18, debateu um tema dos mais pertinentes – qual o lugar do cinema hoje? As novas tecnologias já vêm há algum tempo permitindo que se discutam os suportes. Agora, é preciso discutir também as plataformas. Embora a sala escura e o suporte filme continuem sendo um sonho – cada vez mais seletivo -, a diversidade de telas tem aberto um leque cada vez maior.

Quem não dispõe da telona tem as múltiplas telinhas. Já existe gente fazendo filme para ser visto no celular, no laptop, no YouTube. O importante é ousar, é fazer-se ouvir (e ver). Um cinema de resistência contra a dominação de Hollywood – mas tem sido assim há quanto tempo? Raquel Hallak, da Universo, faz sua avaliação – “A pluralidade de conteúdos audiovisuais advindos das mais diversas fontes expressa a programação desta edição em que o evento assumiu, mais uma vez, seu papel de protagonista para a difusão do cinema brasileiro independente também nos grandes centros urbanos. Mostrar esses filmes em São Paulo amplia olhares e possibilidades de negócios para o audiovisual brasileiro.” Além das projeções, a Mostra Tiradentes/SP promove debates. Serão três para refletir sobre o lugar do cinema – Trânsito entre Telas, Espaço da Política e Trânsito entre as Artes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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