Uma reunião de artistas de várias tribos, que busca passar a mensagem que falta em épocas de polarização: amor e respeito às diferenças. Foi assim que muita gente aproveitou a terceira edição do Festival Coolritiba, na Pedreira Paulo Leminski. Em dois dias de evento, neste ano os shows mobilizaram quase 30 mil pessoas, entre sexta (10), com Tim Bernardes e Los Hermanos, e sábado (11), com o segundo dia do festival proporcionando um dia de muita música.
Dos artistas que se apresentaram no sábado, no palco principal, a Tribuna do Paraná conversou com quatro deles. Jão, o primeiro a tocar foi também o primeiro a falar sobre a experiência de estar num dos maiores espaços de show do país. “Foi muito louco e eu nunca tinha nem vindo a Pedreira. Não sabia a magnitude disso, e quando cheguei fiquei impressionado”, disse.
O cantor, que tem se tornado cada vez mais conhecido, principalmente entre os jovens, disse ainda se impressionar em ver todo mundo cantando com ele. “Em todos os shows. Aquela música que estava no meu quarto, que eu escrevi na madrugada, cantando sozinho, agora todo mundo canta junto. Num evento como este então, mais especial ainda. Acho que sou o mais novo dessa galera, então pra mim é muita honra saber que dividi o palco com Jorge Ben Jor”.
Do último show que Jão fez em Curitiba até a esta apresentação, o que ficou perceptível foi o amadurecimento não só do cantor, mas da estrutura da apresentação. “É muito natural, o tempo na estrada te deixa mais calejado. Quando fiz o primeiro show da turnê eu me achava incrível, mas agora quando vejo vídeos penso o quanto evolui. A gente vai aprendendo e vendo o que funciona mais, o que não funciona”, avalia.
Um ano depois de lançar seu primeiro disco, Lobos, Jão já está em estúdio produzindo o novo álbum. Mas tudo é segredo, por enquanto. “Posso dizer muito pouco. É uma evolução, não quero ser um artista que faz a mesma coisa o tempo inteiro e que fica sempre na mesma coisa. Busco evoluir e fazer um álbum melhor, com letras melhores, arranjos melhores. Vai ser um álbum grandioso, é talvez uma boa definição”, comentou.
Fã de Cazuza, Jão interpreta uma das músicas do ídolo em seu show. O cantor, inclusive, começou sua carreira fazendo cover na internet e isso o fez ganhar visibilidade. À reportagem, Jão não deixa distante a possibilidade de, um dia, fazer um show especial, só com músicas de Cazuza “Acho que no futuro é uma coisa que eu penso. Sou muito fã do cara, das letras. Um show para homenagear ele seria incrível. É um cara que me inspira demais”. Veja a entrevista completa:
Bem brasileiro!
Silva, um dos nomes mais fortes da MPB atual, veio logo depois e ainda estava emocionado com o que viu. “Esse festival, com um monte de artista que eu gosto, foi especial”, disse ele, que apesar de estar acostumado a palcos mais intimistas, se sentiu em casa. “Se fosse há quatro anos, ficaria meio pressionado, mas entendi que se eu fico tenso, não curto o show. Consegui curtir muito e tocar de dia, melhor ainda”.
Fazendo um som bem brasileiro, Silva, que ficou ainda mais conhecido depois de uma música com Anitta, adiantou à Tribuna do Paraná que nesta semana grava um programa de TV (o Altas Horas) com Sandy & Junior. “Vou cantar As Quatro Estações. Pra mim, uma honra. Cresci ouvindo os dois e sempre admirei essa coisa de irmãos no palco, que compõem, tocam, viajam e têm uma carreira juntos. Fiquei feliz com convite. Esse ano vai ter um monte de parceria que eu estou muito feliz, mas ainda não posso contar”.
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Com um jeito de fazer música que se renova muito, Silva disse que tem, por hábito, se cansar. “Meu som se renova muito e acho que é igual namoro, que você precisa continuar interessado na pessoa, fazer esforço. Esse esforço é normal com tudo na vida e na hora de criar eu enjoo fácil. Daqui a seis meses, vou estar enjoado de alguma coisa que fiz agora. Não é que eu desdenhe do que eu fiz, pelo contrário, tenho carinho, mas você vai aprendendo outras coisas e é por isso que eu mudo tanto”.
Segundo o cantor, além das renovações e inspirações que surgem conforme o cantor absorve coisa nova, as parcerias também são importantes para isso. “Parceria legal é trazer alguma coisa que você não tem. Se os artistas forem muito parecidos no que fazem, não fica legal. Se houver essa diferença, fica um híbrido, fica diferente e isso é importante”. Veja como foi o show e a entrevista completa:
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Amor como protesto!
A pluralidade proposta pelo festival se encaixa perfeitamente ao som de Criolo, que esteve na primeira edição e agora, na terceira, foi um dos destaques. O músico disse que o Brasil tem muito conteúdo musical que merece valor. “O nosso povo proporciona essa pluralidade, é um povo multicultural. Eu acho que o lance é dar atenção, suporte, ao povo que já faz isso. Assim teremos uma troca muito maior, os encontros, as ideias. O nosso povo já está fazendo”.
Com sua serenidade, o músico disse que, em tempos de ódio espalhado, se faz importante falar de amor. “Queremos um mundo mais equilibrado, onde as pessoas possam ter pelo menos o espaço básico necessário para ir atrás das suas conquistas. Mas é impossível existir paz enquanto houver desigualdade social, que a gente possa abraçar essa ideia”, disse Criolo, que, ao subir ao palco, deu o recado e protestou contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele protestou a favor dos professores e de minorias vítimas de violência policial. Foi aplaudido. Veja a entrevista completa e um trecho do show:
A mensagem de amor, partindo da troca musical, foi também o objetivo do Natiruts, que tem amor até em seu último disco, intitulado como I Love. “Antes, não falávamos de amor como protesto, mas agora é um momento diferente, porque temos um líder que ofende vários tipos de pessoas, várias culturas, histórias. O amor virou um tipo de protesto então o ‘I Love’ vem nessa pegada, porque a gente acredita que antes de uma suposta melhora na economia, tem que ter ética, humanidade, isso vem antes de qualquer dinheiro”, disse Alexandre Carlo, o vocalista.
Durante o show, a banda fez alguns discursos sobre a importância de se valorizar a cultura brasileira. Natiruts também falou contra o preconceito, as diferenças sociais e a questão política. O que foi dito por Alexandre foi encarado de imediato como um protesto pelo público, que respondeu com gritos contra o presidente. Não houve, em todo o momento da terceira edição do Festival Coolritiba, respostas positivas, de favoráveis ao presidente, durante manifestações dos artistas e do público.
Segundo o líder da banda de reggae que é uma das mais conhecidas no país, a música tem um poder importantíssimo. “Ela transforma as pessoas porque chega talvez onde outras tecnologias e outros tipos de arte não chegam. A música caminha pelo ar e chega até onde a gente não espera. Esse é o poder da música”. Assista a entrevista completa:
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Até o ano que vem!
Além deles, também subiram ao palco principal do Coolritiba 1Kilo, Jorge Ben Jor e o DJ Vintage Culture, isso sem contar os vários nomes que se apresentaram no palco secundário, encorpando ainda mais o caldo de diversidade musical. Com o sucesso da terceira edição, os curitibanos podem ficar tranquilos: já está confirmada a quarta edição do festival que mais tem a cara de Curitiba. No ano que vem, na mesma época, na Pedreira Paulo Leminski. Fique atento ao nosso site!
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