Passar um tempo vendo alguém tentando te imitar pode ser uma maneira de se surpreender positivamente. “Eu sou uma menina bem esculachada para o padrão feminino. Mas, através dele, me vi muito menininha”, conta Paloma Duarte, que ao lado de Heitor Martinez protagoniza a versão para televisão de Se Eu Fosse Você, que estreia quarta, 16, às 22h30, na Fox.

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Na série de 13 episódios, cujo roteiro quase não se assemelha aos dois filmes homônimos e recordistas de bilheteria, Clarice, uma terapeuta holística, e Heitor, advogado, têm de trabalhar em uma casa deixada pelo avô dela, sócio dele. Declaradamente inimigos, os dois bebem todas em uma festa, passam a noite juntos e, quando acordam, estão no corpo um do outro, assim como os personagens de Tony Ramos e Glória Pires.

Os atores garantem não sentir a responsabilidade de manter o sucesso dos longas. “Quando me chamaram, ninguém falou isso. Até porque essa é uma história recorrente no cinema”, esquiva-se Martinez. “Até a Disney já fez. Eu coloquei no meu contrato ‘não carregar o legado da Glória Pires'”, brinca Paloma, em conversa com a reportagem. “No filme, eles eram marido e mulher. Na série, a gente se odeia”, reforça o ator.

“A gente sempre achou que poderia virar uma série”, revela Walkíria Barbosa, uma das sócias da Total Entertainment, produtora da atração, que cogita retomar a história no cinema. “A gente quer fazer o terceiro filme”, confessa. A executiva explica que o elenco dos longas não foi pensado para a TV. “Eles estava em outros projetos e são contratados da Globo. Nenhum personagem do filme vai aparecer na série.”

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Na trama, Clarice e Heitor tentam disfarçar a troca de corpos até dos amigos próximos e se metem confusão, pois ela precisa lidar com os clientes do escritório dele e o advogado tem de encarar os alunos de ioga da nova sócia. Com apenas quatro semanas para gravar toda a temporada, os atores tiveram pouco tempo para tentar absorver os trejeitos do sexo oposto.

“E ela teve uma crise labirintite por dez dias. Eu perguntava, como colocava a perna, coisas assim. Ela perguntava como eu faria isso ou aquilo. Quando a gente estava no mesmo set, se ajudava o tempo inteiro”, relembra Martinez. “A gente fez um trabalho (com a terapeuta corporal) de aprofundar o masculino dele e o meu feminino. Eu me embolei no começo. Na leitura, a gente demorou para entender quando era um e quando era outro”, completa Paloma.

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A interpretação de Martinez como uma mulher em um corpo masculino não poderia se confundir com Toninho (Saulo Rodrigues), o amigo gay de Clarisse, com quem divide as cenas principais. “Tinha de ser simples. Senão, ele viraria um travesti. Com ela, fomos achando detalhes, como o jeito de coçar a barba”, analisa o diretor Paulo Fontenelle. Paloma afirma ter sentindo as mudanças em seu jeito de agir ao encarnar um homem. “Fui perdendo a compostura, a vaidade feminina. Entrava em cena sem pensar se minha perna estava assim ou assado. Jamais passaria pela cabeça de um homem se preocupar com isso.”

Martinez diz não ter tido embates como sexo oposto. “Sempre tive um lado feminino tranquilo, de compreender a mulher, não bater de frente, não ver a diferença como uma coisa ruim.” Paloma garante só ver uma vantagem em ser homem. “Do fazer xixi em pé tenho muita inveja. Do resto eu gosto de ser mulher. A mulher é mais complexa, mais interessante. A alma feminina tem sua dose de exagero que o homem não tem. E que bom que não tem porque alguém te de aguentar a gente.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.