Nos anos 1960, uma cidade aparentemente pacata é abalada por um misterioso assassinato. E marca para sempre a vida de dois garotos. Os amigos Paulo e Eduardo fogem da escola e decidem ir de bicicleta até o lago, quando têm uma visão aterrorizante: encontram caído o corpo da jovem Anita, coberto de sangue. O crime é o tema central da minissérie Se Eu Fechar os Olhos Agora – que estreia nesta segunda, 15, após O Sétimo Guardião, na Globo -, escrita por Ricardo Linhares, inspirada no livro de Edney Silvestre, com direção artística de Carlos Manga Jr.

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Mais do que lançar o enigma ‘Quem matou Anita?’, sua morte vai revelando camadas obscuras dos moradores da fictícia São Miguel, no interior do Estado do Rio. E vem à tona a pior face dessa sociedade, como intolerância e racismo. O episódio é contado a partir das memórias de infância de Paulo – personagem vivido por João Gabriel D’Aleluia quando garoto e Milton Gonçalves na fase adulta.

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De volta à década de 1960, Paulo e Eduardo são acusados injustamente pelo crime. Mas acabam sendo liberados depois que o dentista Francisco (Renato Borghi), marido de Anita, se entrega à polícia, confessando tê-la matado. A revelação, no entanto, não convence os garotos: afinal, como aquele homem, velho e frágil, teria conseguido matar a jovem sozinho? Por conta própria, a dupla inicia uma investigação. Só que ocorrem outros crimes. E, ao lado do misterioso Ubiratan (Antonio Fagundes), Paulo e Eduardo precisam solucioná-los para não se tornarem as próximas vítimas.

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Qualquer habitante pode ser o assassino de Anita (Thainá Duarte). Inclusive os poderosos da cidade. Como o prefeito Adriano Marques Torres (Murilo Benício) ou mesmo sua mulher, a primeira-dama Isabel (Débora Falabella). Pais de Cecília (Marcela Fetter) e Vera Lúcia (Júlia Svacinna), eles formam um casal feliz. Mas é só fachada. Em entrevista ao Estado, por e-mail, a atriz Débora Falabella fala de sua personagem – e dos meandros dessa trama que mistura mistério, suspense e drama.

Fale sobre sua personagem, a primeira-dama Isabel. Aparentemente ela é uma mãe e esposa devota, mas, no fundo, quais são suas reais frustrações e desejos?

Acho que é uma mulher que vive naquela época. Apesar de ser nos anos 1960, é quase como uma cidade parada no tempo. Ela tinha que cumprir aquele papel de esposa, mãe, mulher perfeita. Aquilo reprimia as suas vontades pessoais, até um ponto que isso explode num determinado momento da trama.

Ela chega a levar uma vida dupla ou opta apenas por levar uma vida de aparências?

Ela vive a vida que ela consegue viver. Acho que não existia tanto essa noção de que era uma vida de aparências. Era um pouco menos planejado. Por trás disso, havia um desejo que ia crescendo, até ela seguir um outro caminho – do desejo, do proibido.

É possível falar algo sobre a relação de Isabel com Anita? Ela sabe da suposta relação de Anita com o marido?

Como a Anita está no centro da história, é com o assassinato dela que tudo acontece – é claro que a minha personagem vai ter uma relação, mas não posso falar tudo para não revelar uma parte da trama.

Como é a relação de Isabel com o marido?

Eles vivem uma relação que muitas mulheres viviam naquela época. Nem acho que eles se odeiam. Vivem numa forma muito prática. Existe ali uma parceria, não exatamente um amor. É uma relação muito distante e fria, sem diálogo.

Qual a influência da família Marques Torres na cidade?

É uma família que desde muito tempo está no poder, e controla muito aquela cidade.

A minissérie segue a estrutura do thriller psicológico, mas também é um drama. Como é atuar numa trama nessas frequências?

O que acho que é fundamental é não esquecer que é um thriller psicológico, que tem um mistério, um suspense. Mas tem uma coisa pessoal de cada um que também vai sendo revelado, como os dramas de cada personagem, o momento em que cada segredo vai sendo exposto. O grande barato da série é essa revelação, tanto da vida íntima de cada um quanto da história.

Como é interpretar uma personagem que tem várias camadas? Ou seja, na superfície ela é uma mulher feliz, mas acredito que, ao longo da trama, o público vai conhecer outras camadas mais profundas dela.

Nem acredito que ela seja uma mulher feliz. Acho que o público vai ver que ela é travada, educada para falar baixo, para não ter movimentos muitos amplos. Todos os personagens são assim. Essas camadas são escondidas do público também – eles vão descobrindo junto.

Ela pode ter matado Anita?

Todos ali são suspeitos.

Como é voltar a atuar com seu marido, Murilo Benício, e novamente como um casal? É também um facilitador, porque vocês podem trocar ideias sobre os personagens e cenas fora dos sets?

Já é o quinto trabalho que a gente faz junto. É ótimo. A gente já se dava bem em cena antes de ser um casal. Isso é o mais importante de tudo.

Você e o Murilo estão juntos em outras produções?

Não. Estamos em produções diferentes agora. Vou estrear na série Aruanas e estou filmando Depois a Louca Sou Eu, de Julia Rezende. Tem também o espetáculo Contrações, da minha companhia, com a qual vou viajar com uma turnê. E ainda vou estrear este ano outro espetáculo da minha companhia.

Murilo comprou os direitos da série Doctor Foster, que será estrelada por você, certo? Vocês já começaram a se dedicar a essa série?

É um projeto do Murilo, uma vontade dele, mas ainda em andamento. Adoro a série, mas ainda não sabemos muito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.