Se estivesse vivo, hoje seria a comemoração dos 66 anos do poeta, romancista e tradutor paranaense Paulo Leminski. Para homenagear o escritor, um grupo de poetas da cidade está preparando uma ação, ainda sem data marcada, que deve acontecer até o final do mês.
A ideia é reunir 11 poetas que terão, cada um, 6 minutos para declamar poesias nas ruas da cidade, somando justamente a idade que o poeta completaria. Thadeu Wojciechowski, Edson de Vulcanis e Ivan Justen Santana são alguns dos artistas confirmados para a intervenção.
O poeta Thadeu Wojciechowski era amigo de Leminski, com quem cultivou também algumas parcerias. “O que eu mais gostava de fazer com ele era conversar. Sempre era uma conversa atômica, espalhando radiação para todos os lados”. Thadeu conta que nessas ocasiões é que surgiam inspirações para poesias. “A poesia, acima de tudo é conversa entre pessoas inteligentes e sensíveis”.
A vasta e influente obra do escritor até hoje serve de inspiração para novas criações, como o filme “Ex Isto”, exibido pela primeira vez no encerramento do último Festival de Cinema de Gramado. O filme foi construído a partir do livro “Catatau”, do poeta paranaense Paulo Leminski, e de trechos da obra de Decartes.
No teatro, a Companhia Brasileira de Teatro estreou a peça “Vida” no ano passado. Com direção de Marcio Abreu, o espetáculo trouxe para a cena o resultado de um longo período de pesquisas sobre a obra do poeta curitibano. “O Leminski, ao que parece, não teve uma ligação específica com o teatro. De qualquer maneira ele foi um criador de linguagem, um homem da cultura, provocador de novas visões na arte. Foi um furacão de ideias e ideais. Cruzou assuntos diversos, temas diversos e expressões diversas. Foi um artista multiplo, polifônico”, afirma Marcio e completa dizendo que o seu pensamento não se restringia à literatura ou especificamente à poesia.
“O aporte de entusiasmo que ele fez na paisagem cultural brasileira tem muitos ecos difíceis de nomear. Acho que as gerações pós lemisnki são, ainda que de maneira inconsciente, influenciadas por ele. Esse tipo de influencia é maior e mais importante do que se fosse uma relação mais imediata e óbvia em relação a qualquer coisa, por exemplo o teatro”.
Trajetória
Paulo Leminski nasceu no dia 24 de agosto de 1944 em Curitiba. Em 1964, já em São Paulo, publica poemas na revista “Invenção”, porta voz da poesia concreta paulista. Casa-se, em 1968, com a poeta Alice Ruiz, com quem teve dois filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela.
De 1970 a 1989, em Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo conjunto “A Cor do Som”. Publica, em 1975, o romance experimental “Catatau”.
Traduziu, nesse período, obras de James Joyce, John Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry, entre outros, colaborando, também, com o suplemento “Folhetim” do jornal “Folha de São Paulo” e com a revista “Veja”. Leminski foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô.
Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos. Seu livro “Metamorfose” foi o ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas (“Sintonia para pressa e presságio”) foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro “Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século”, Editora Objetiva – Rio de Janeiro. No dia 7 de junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal.