Em entrevista publicada nesta quinta-feira, 21, no Estadão, o guitarrista do Scalene, Tomás Bertoni, disse que “talvez fosse loucura” tocar músicas do novo álbum, Magnetite. Conscientes da ousadia, os brasilienses dedicaram uma boa fatia do show que abriu o Palco Mundo ao repertório do trabalho. É um álbum de complexas camadas sonoras, o mais bem-acabado da banda em termos de produção. A plateia, entretanto, não entendeu bem a atual proposta do grupo. Eles eram os caras certos no lugar errado.

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O show começou com três músicas do álbum Éter (2015), Histeria, Náufrago e Sublimação. Rocks sob medida para quem estava ali aguardando a pose punk do Fall Out Boy e potência do grupo de Steven Tyler.Foi um belo aquecimento para o início da programação do Palco Mundo. Gustavo Bertoni, o frontman, tem presença e a banda, com o baterista Philipe Makako se destacando, está afiada.

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Quando o grupo tocou Cartão Postal, uma das faixas do novo álbum, a temperatura da plateia abaixou. Distopia, outra canção de Magnetite, tem versos contundentes que dizem muito sobre o Brasil de hoje e poderiam gerar alguma comoção ou uma onda de “Fora Temer”, o que vem ocorrendo com certa frequência nesta edição do Rock in Rio. “Roubam de quem pouco já tem/falam de entrega, de sacrifícios/ônus não tem, só o que lhes convém.” O público não escutou, parecendo mais preocupado em abordar o vendedor de cervejas que grita por clientes. O que também diz sobre o Brasil de hoje.

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Houve recados políticos (“Vamos propagar o bem, o que está acontecendo hoje favorece político corrupto”) e pedidos de celulares para o alto, atendidos sem muito entusiasmo. No final, o show voltou a ganhar fôlego com Danse Macabre, incluída em trilha de novela, e Legado. O Scalene está plenamente habilitado para se fazer ouvir em um País no qual o rock, nos últimos tempos, voltou a ser quase um nicho. E vale ressaltar o simpático recado de Gustavo: “Valorize a música nacional”.