Rodrigo Veronese, Bianca Rinaldi e Nico Puig em cena de A Pequena Travessa. |
O SBT mudou de estratégia para a quarta produção em parceria com a Televisa: A Pequena Travessa, que estréia amanhã, é bem mais açucarada que as anteriores Marisol e Amor e Ódio, que tendiam para o tradicional dramalhão mexicano.
A nova novela tem mais a ver com a ingênua Pícara Sonhadora, que inaugurou em agosto de 2000 a parceria do SBT com a Televisa. Assim como Pícara, A Pequena Travessa vai brincar com as situações tragicômicas e apostar mais no humor que no drama para conquistar o espectador. “Vamos buscar o público infanto-juvenil”, avisa o diretor geral da novela, Jacques Lagoa. “A idéia é que o público se divirta”.
O objetivo do SBT é elevar a média de 16 pontos com picos de 23 pontos conquistada com Marisol no horário. O custo de um capítulo de A Pequena Travessa é o mesmo da antecessora, cerca de R$ 100 mil cada. Mas a nova novela tem apenas 100 capítulos, contra 145 da anterior.
De qualquer forma, é alto. Afinal, A Pequena Travessa é 10% mais cara que um capítulo de novela da Globo – apesar de a emissora carioca colocar no ar tramas com mais de 200 capítulos. A justificativa é que o SBT ainda está recuperando o alto investimento que teve para construir a própria cidade cenográfica, no final de 2000.
A Pequena Travessa, exibida pela Televisa em 1997, é de autoria de Abel Santa Cruz, o mesmo de Carrossel, Carinha de Anjo e da própria Pícara Sonhadora. Aliás, a protagonista escolhida pelo SBT é Bianca Rinaldi, a mesma de Pícara.
As duas novelas têm histórias parecidas: em Pícara, a atriz vivia Mila Lopes, uma moça pobre que se apaixonava pelo dono de uma loja de departamentos e que escondia sua verdadeira identidade. Já na nova produção, a protagonista Júlia é uma moça pobre que também vai se apaixonar pelo filho do patrão. “Me divirto e quero passar alegria ao público. Só assim agüento gravar 40 cenas por dia”, explica a atriz.
A diversão a que Bianca se refere é que sua personagem vai ter duas identidades: terá de se disfarçar de homem para trabalhar como office-boy no único emprego que arranja após seu pai ser atropelado. Órfã de mãe, com dois irmãos mais novos e o pai paraplégico para sustentar, Júlia também arranja um emprego como secretária em um escritório de advocacia. “Ela vai se atrapalhar sendo Júlio de manhã e Júlia à tarde”, antecipa Bianca. Logo a personagem descobre que o dono do escritório é o pai de Alberto, o amor de sua vida interpretado por Rodrigo Veronese. O ator, que participou de três novelas da Record, nunca havia feito um protagonista. Assustado com o volume de cenas, Rodrigo afirma que o esforço pode valer a pena: “A projeção como protagonista compensa o sacrifício”, acredita.
Se o herói é novato, o vilão de A Pequena Travessa já é experimentado: Nico Puig, que vai viver o contrabandista Mercúrio, se destacou na TV pela primeira vez como vilão. Era o maquiavélico Fred, de Olho por Olho, exibida pela Globo em 1993. Longe da televisão há três anos, quando participou de Estrela de Fogo, em 1999 na Record, o ator não esconde o contentamento por voltar a atuar. “Não quero decepcionar, pois esta é a oportunidade de me firmar como ator novamente”, destaca.
Na verdade, o malandro Mercúrio e sua gangue formam o núcleo mais “abrasileirado” da novela. Segundo a adaptadora Ecila Pedroso, os diálogos da gangue foram a parte mais modificada da novela em relação à trama original, já que por contrato o SBT tem de seguir fielmente a história. Algumas gírias paulistanas foram inseridas, como “tá ligado”, “fala mano” e “qualé meu”. Fora isso, “A Pequena Travessa segue o original mexicano ao pé da letra. “Não dá para fazer mais do que isso realmente”, resigna-se a adaptadora.
Novela é refúgio de ex-globais
A Pequena Travessa tem 53 atores fixos no elenco, 20 a menos que Marisol. Entre eles, aparecem vários ex-globais, como Eliete Cigarini, Fábio Villa Verde, Gustavo Haddad, Jayme Periard, Rachel Ripanni, Luka Ribeiro, Cláudio Fontanna e Cynthia Benini.
Jayme Periard, por exemplo, participou este ano de O Clone, e Gustavo Haddad viveu um seminarista em A Padroeira. “O SBT é a única opção para os atores fazerem novelas fora da Globo e por isso temos de preservar este espaço. O ideal seria que todas as emissoras produzissem dramaturgia, mas isso vai demorar para acontecer de novo”, lamenta Jayme.
Enquanto “importa” profissionais da rival – Bianca Rinaldi é uma ex-paquita, por exemplo -, o SBT também aproveita A Pequena Travessa para tentar destacar produtos da casa. Tanto que o tema musical da nova novela será assinada pela banda Rouge. Formado na emissora através do programa Popstars, o grupo interpreta a canção Não dá para Resistir.
A trilha sonora também reúne artistas conhecidos, como Capital Inicial, Marina Lima, Luiz Melodia e Chico César.
Quem é quem na novela
Júlia
(Bianca Rinaldi) -Moça alegre que precisa sustentar a família após o pai se acidentar e ficar paraplégico. Para conseguir emprego como office-boy, se traveste de homem. É apaixonada por Alberto, mas começa a namorar Caio.Rafael (Walter Breda) -Pai de Júlia.
Alberto (Rodrigo Veronese) – Virou advogado para herdar os negócios do pai, mas seu sonho é ser cineasta. Ele namora Débora, mas se apaixona por Júlia.
George (Jayme Periard) -Pai de Alberto, vai incentivar Júlia.
Caio (Fábio Villa Verde) -Rapaz educado que ajuda o pai na marcenaria. Apaixonado por Júlia, sabe que ela gosta de outro.
Mercúrio (Nico Puig) -Líder de uma gangue de contrabandistas, é apaixonado por Júlia, com quem cresceu e chegou a ter um namorico.
Débora (Rachel Ripani) -Forja uma doença para se casar com Alberto, e é amante de Hugo.
Hugo (Cláudio Fontana) -Junto com Débora, atropela o pai de Júlia e foge sem prestar socorro.
Pillar (Cynthia Benini) -Moça bonita, estudante de cinema, é amiga de Débora e irmã de Hugo.