Ídolos, do SBT, surge depois de algumas tentativas nada interessantes de concorrer com os reality shows da Globo. Cópia fidelíssima do americano American Idol, tanto na música, como abertura, cenários e formato, o novo programa do SBT parece ter boas chances de dar certo. Tanto que a audiência do programa cresce a cada edição. Enquanto na estréia a média foi de 10 pontos, com share de 14%, a última edição do programa, um especial de duas horas de duração no domingo, dia 23, bateu o Domingão do Faustão, da Globo, com 15 pontos contra 14 do rotundo apresentador.
Diferentemente dos outros programas já feitos pela emissora, desta vez o SBT paga direitos autorais para a americana Fremantle, dona do American Idol – exibido no Brasil pelo canal pago Sony. Isso torna a versão brasileira uma cópia fiel e sem culpas. E tal qual o original, Ídolos pretende lançar um brasileiro no mercado musical com tudo o que tem direito – o vencedor ganha um contrato assinado com a Sony Music – através de provas musicais e eliminação definida pelo público.
É uma espécie de Fama sem o confinamento. E assim como no American Idol, os jurados são o diferencial do programa. Mas ao contrário dos americanos Simon Cowell, Randy Jackson e Paula Abdul, os julgadores brasileiros entendem do riscado. Arnaldo Sacomani, Thomas Roth, Eduardo Miranda e Cynthia Zamorano, a Cys, são produtores musicais de gente como Skank, Rappa, Tim Maia e Rita Lee, e sabem do que estão falando. E falam mesmo. Sem papas na língua, chegam a humilhar os candidatos no esquema "você gosta de cantar? Então trate de aprender". Mas eles também sabem reconhecer uma boa voz e não poupam elogios e até palmas para dar o tão sonhado "sim" aos que buscam um lugar ao sol.
Há momentos, no entanto, em que os jurados inspiram pena. Como quando têm de segurar o riso, às vezes sem sucesso, diante do visual de alguns candidatos. Isso sem falar na obrigação de ouvir as pérolas do cancioneiro nacional serem massacradas impiedosamente. De acordo com a produção do programa, 12 mil candidatos compareceram às audições em cinco capitais do país: Recife, Rio, Brasília, São Paulo e Porto Alegre. Desses, 120 passam para a próxima fase, que acontece em São Paulo, com novas audições. Trinta candidatos serão escolhidos e a partir daí é o público que vota.
A explicação do mecanismo do programa foi dada na estréia. E foi meio cansativa. O casal de apresentadores Lígia Mendes e Beto Marden mostrou, passo a passo, as regras do programa. Bem à vontade em frente das câmaras, a moça dá um banho no sujeito, que parece não saber o que está fazendo ali. Mas é explicado: Lígia já apresentou um programa de clipes e sabe falar para o público jovem. Seu companheiro, Beto, é ator de musicais e poderia facilmente ser um dos candidatos a ídolo. No entanto, a dupla interage bem com os concorrentes. Em cada canto do país eles dão força, quebram o gelo e até consolam quem recebeu um "não" dos jurados.
Tecnicamente falando, a edição ágil do programa vale ser mencionada. Tal qual um reality show deve ser, o formato de Ídolos é dinâmico e prende a atenção. O SBT investiu pesado – cerca de R$ 12 milhões – e conseguiu fazer um programa muito bem produzido, com trilha sonora que pontua bem cada momento – destaque para as eliminações, onde cada candidato ganha uma música incidental.