O hype em torno do Savages, um feroz quarteto feminino de pós-punk formado em 2011, é paradoxal à ascensão do grupo. Silence Yourself, o disco de estreia, seduz exatamente por sua aversão visceral (um delicioso dedo do meio) aos mi mi mis de sempre, ouvidos nos sons rotineiramente rotulados pela blogosfera indie como “the next big thing”.

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“Se o mundo calasse a boca, mesmo por um pouco, quiçá ouviríamos o ritmo distante de uma jovem e contundente canção”, brada a vocalista Jehnny Beth em Shut Up, faixa que abre o fulminante disco. O mundo londrino não se cala desde 2012, quando o grupo fez um elogiado show de abertura para o British Sea Power. E mesmo antes de gravarem o primeiro disco, Savages já era a “melhor banda da Inglaterra”, nas palavras da imprensa local. Esta ascensão prematura é o desafio sagazmente contornado pelo grupo em Silence Yourself (US$ 9,99, pelo iTunes), uma prova de que as moças têm estofo para superar o oba oba das profecias diárias.

A proposta é simples e destemida. Savages não usam instrumentos eletrônicos, samples ou outras armas do arsenal contemporâneo. Também não ambicionam inovações estéticas. Destilam com perfeição um apanhado de influências da brilhante leva de grupos que surgiram no final da explosão punk dos anos 70 – Joy Division. The Pop Group, The Slits. Jehnny Beth lembra Siouxie Soux via Karren O, dos Yeah Yeah Yeahs, e nada mais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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