Seu momento mais maduro. Assim se considera Sandy, que já soma quase 30 anos de carreira e oito deles seguindo seu rumo sem Junior, com quem formou dupla por 17 anos. A Tribuna do Paraná foi convidada a participar, nesta terça-feira (28), em São Paulo, da coletiva de imprensa de lançamento do projeto Nós, Voz, Eles, o qual Sandy vai focar mais na internet, lançando um vídeo novo a cada 15 dias, com participações diferentes a cada novo episódio. O que ela adiantou é que, pelo menos por enquanto, não vem CD.
Para o projeto Sandy escolheu Maria Gadú, Lucas Lima, Mateus Asato, o duo AnaVitoria, Thiaguinho – que já falou com a Tribuna sobre sua participação -, a Banda Melim, a cantora Iza e seu pai, Xororó. A escolha, segundo ela, aconteceu antes mesmo de começar a compor as músicas. “Alguns até convidei sem ter música pronta, a maioria foi assim. Só a Gadu que mandei a música pronta e Anavitoria quiseram compor comigo, foi super legal”, contou.
Sandy disse que, apesar de serem oito nomes, não teve problema com nenhum dos convidados (de não aceitarem ou algo do tipo). “Não teve nenhum convidado que eu queria que estivesse no projeto que acabou não topando. A gente só passou um aperto por causa das agendas, mas deu tudo certo”, explicou ela, exemplificando que com Anavitória o processo de composição foi mais difícil. “Porque a agenda delas é impossível, aí demorou muito para começarmos a desenvolver a música e ela ficou pronta na véspera. Conto detalhes no episódio, que vai ser um dos próximos já”.
A cantora disse que a ideia do projeto, focado na internet, se deu porque quis fazer algo diferente do que já tinha feito. “Mas também queria dar um pacote mais completo ao meu público, explorar outras áreas da minha vida artística. Quis variar um pouco e fazer uma coisa diferente do que já tinha feito antes. Me senti mais pronta pra dividir esse processo com as pessoas, porque sou uma pessoa muito reservada e eu tenho um pouco de dificuldade de lidar com essa coisa de making off, mas a gente fez de um jeito bem legal, que eu esquecia que tinha câmera”.
No projeto, os episódios costumam ser longos (mais de 10 minutos de vídeo) e tudo é mostrado, até mesmo curiosidades dos bastidores. “Eu não quis perder a espontaneidade e até agora não tivemos nenhuma cena que precisei cortar porque não queria que aquilo aparecesse. Até o momento em que o Theo (o filho dela) surgiu, pra gente soou muito natural, todo mundo sabe que não gosto de expor ele, mas daquela forma em que aconteceu foi tudo bem, porque é como é no dia-a-dia também. Agora tá sendo bem legal ver a resposta das pessoas”, comentou.
Vem CD ou não?
Até novembro, todos os episódios vão estar disponíveis no canal do YouTube da cantora, sempre a cada 15 dias um novo vídeo e três dias depois o clipe da música e a canção nos serviços de streaming. “Aí depois a gente vai pensar nesse caso de fazer algo físico ou não, como é que seria isso”, disse Sandy quando o assunto foi a possibilidade de transformar tudo o que foi gravado num CD.
À Tribuna do Paraná, ela disse não ter pensado também na possibilidade de gravar um DVD ao vivo com todas as participações juntas, como um show. “Não tive essa ideia não, mas gostei. Não sei se daria certo, porque isso seria um trabalho mais complexo, mas seria uma ideia maravilhosa juntar todos os convidados e fazer um show, mas não sei se chegaria tão longe. Por enquanto, CD não vem”.
Como ultimamente poucos artistas têm lançado algo físico, a cantora foi questionada se estaria deixando esse jeito de apresentar seus trabalhos de lado e ela disse que não. “Não tenho preconceito sobre CD, foi algo que minha gravadora decidiu e eu gostei, achei interessante e está em dentro do que é nossa realidade hoje. Eu nunca tinha antes conseguido me encaixar nessa nova realidade de artistas que usam muito a internet, sou do tempo da fita, do vinil, enfim, claro que fui evoluindo nesse sentido de acordo com meu tempo, mas não sou muito das redes sociais, estou tentando”.
Novos nomes
Além de Thiaguinho, Xororó e Maria Gadú, que são nomes já conhecidos na música brasileira, o projeto de Sandy também traz nomes atuais como Anavitória e IZA, que têm pouco tempo de carreira, mas com um sucesso de invejar a qualquer um. Sandy disse que a escolha desses nomes se deu de forma muito natural, por quem ela sentia mais próxima, mas o critério foi o talento. “A minha admiração e a minha afinidade com eles. Não quis só chamar gente de sucesso, mas sim quem eu admiro e que tem talento incontestável. Foi uma troca intensa, que ficamos quase íntimos e que ficamos muito perto, muito próximos, contribuindo pra um trabalho que é tão meu e que veio do meu coração. Queria que fossem pessoas que têm uma vibe parecida com a minha”, explicou.
Esse, segundo ela, é seu melhor momento, pois está mais madura musicalmente falando. “É um caminho natural, a gente tem que andar pra frente. Me sinto no momento mais maduro da minha carreira, realmente mais apropriada do meu trabalho, do meu som, da minha música. Hoje eu coloco muito mais amor em tudo, desde a composição até a finalização, opino em tudo. Me sinto mais à vontade, mais segura do meu trabalho, do meu estilo, do que eu faço, para poder colocar mais a mão. Ao longo desses oito anos eu vim formando minha identidade musical e isso me possibilitou ter segurança maior, sem medo de mostrar pra galera”.
Composições mistas
O novo single de trabalho, Areia, gravado com Lucas Lima, foi composto a várias mãos, todas elas bem conhecidas atualmente: Mike Túlio (OutroEu) e Ana Caetano (Anavitória) participaram junto com Sandy e Lucas Lima. “Os dois, que são namorados, começaram a compor a música e eu amei. Eles me mostraram, comecei a dar ideias, eles gostaram e depois a gente se reuniu com o Mike e terminamos a música”, detalhou Sandy dizendo que não sabia com quem ia gravar, mas logo pensou no marido. “Achei muito a cara de nós dois (do Lucas). Ele demorou topar participar da série, do projeto, porque ficou receoso por ser meu marido, não queria dar margem a nada de negativo que pudesse surgir, mas no fim aceitou e ficou lindo”.
A outra música já lançada, No Escuro, com Maria Gadú, Sandy compôs com Lucas Lima e disse que ainda não tinha pensado em quem gravaria. “Estávamos com a letra já começada e fomos buscar referências sonoras e musicais, aí encontramos um estilo que eu amo e que eu nunca tinha usado na minha música que é o jazz. Nisso pensamos na Gadú (pra gravar). Mas essa música me traduz muito também, é um lado meu que as pessoas conhecem pouco”, revelou.
Sandy contou que começou a pensar no projeto sem pensar em quem gravaria com ela, mas quando foram ficando prontas as músicas ela foi pensando nas pessoas. “Ainda tem coisa tão diferente quanto No Escuro. Está bem diversificado, tudo dentro do meu universo, que me traduz realmente, mas cada música tem um ponto de convergência entre o meu mundo e o mundo de quem eu chamei pra cantar comigo. São musicas com as quais os meus convidados se identificam”.
A última a gravar foi Iza, por causa da agenda. “Era uma das participações que estávamos na maior expectativa, porque ela estava com a música fazia tempo. Ela gostou da música, se identificou bastante. Além disso é uma música que também é muito importante pra mim, que eu falo muito de mim, de como eu encaro as coisas da vida. Vai ser lançada mais para o final. Ela tem uma voz maravilhosa, canta muito, é muito fofa. Acho que a galera vai gostar”.
Quando foi indagada sobre quem ela mais curtiu dividir os microfones, Sandy ficou numa saia justa. “Mas acho que ninguém vai reclamar se eu disser que foi especial cantar com meu pai, né? Foi uma inversão de papeis muito diferente, interessante, porque meu pai foi meu primeiro mestre, minha primeira influência e referência. Agora ele cantou e foi dirigido por mim. Foi muito especial e eu sou fã dele”.
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Show montado aos poucos
Assim como o novo projeto, que vai sair música nova aos poucos, o novo show de Sandy também vai mudar conforme o que for sendo lançado. “Já fiz algo do tipo com a turnê Teaser, que veio antes da concepção de Meu Canto, mas dessa vez vai ser ao contrário: o cenário está pronto, o que vai mudar é repertório, que vai ter o acréscimo das novas músicas que vão entrar aos poucos”, explicou.
No dia em que estreou, em Paulínia, São Paulo, Sandy tocou as duas novas músicas logo de cara e não se preocupou com a questão da internet. “Hoje em dia tá tudo na internet mesmo, né? No dia que estreei meu show as músicas novas não tinham sido lançadas, então cantei sozinha. Agora não acredito que vou colocar música nova antes de elas saírem, porque sempre terei as músicas novas saindo, então conforme vão saindo, vou colocando no show”.
Além das músicas novas, a irmã de Junior Lima mudou o momento “remember” do show e escolheu Eu Acho que Pirei para integrar o repertório. “Sempre escolho duas músicas de Sandy & Junior, porque sei que os fãs gostam, por isso nunca deixei de colocar, mas sempre procurei músicas que fossem fáceis de adaptar para o meu momento atual. Sempre escolhi músicas fáceis, essa não é uma dessas, afinal eu tenho 35 anos cantando uma música bem adolescente, mas resolvi assumir uma licença poética para me divertir com meus fãs, sentia essa vontade deles de retomar coisas mais antigas. Fizemos uma releitura, mudamos um pouquinho o arranjo, mas a galera realmente pirou e eu me diverti muito”, considerou Sandy, que tem show marcado em Curitiba para o dia 28 de setembro, no Teatro Guaíra.
Junior Lima mostra que não é só o “irmão da Sandy” e se tornou um músico completo