Samba passarinho, o quarto Cd de Péri

No início de 2004, depois de ter lançado três CDs – A cama e a tv, Morda minha língua e Ladainha, Péri começava a ensaiar a entrada em estúdio para preparar aquele que seria o seu quarto trabalho fonográfico que, como os anteriores, teria um forte apelo pop. Mas era também uma época em que Péri andava meio cabisbaixo, tristonho e cheio de questionamentos. Sobre a carreira, o ser artista, as exigências do meio… ?Meio sem gás?, como diz ele.

Talvez até por conta desse estado de espírito, e diante da sensação de obrigatoriedade de fazer mais um disco, o baiano que migrou para São Paulo há 15 anos, não tenha se dado conta de que, um pouco antes, no final de 2003, ele já havia ?fabricado? o remédio para sua agruras e bastava apenas embalar e colocar no mercado.

O remédio, um cd inteirinho de sambas composto por ele e gravado em seu estúdio Baticum, havia aos poucos saído da gaveta e começava a ganhar vida própria sem mesmo que seu autor tivesse programado. E é este cd, que recebe o nome de Samba passarinho,  que chega agora já registrando um feito importante: curou Péri da tristeza de outrora e simboliza um divisor de águas em sua careira iniciada em Salvador, nos anos 80, em festivais colegiais, bares e casas noturnas.

Fazer um disco de samba era um desejo antigo de Péri. Acostumado a ouvir João Gilberto, Chico Buarque, Gilberto Gil, além dos grandes nomes que imortalizaram o estilo, ele sempre se impressionou com suas formas de interpretar o samba. A isto, soma-se infância e adolescência vividas no bairro do Tororó, na capital baiana, embaladas pela trilha sonora do bloco Apaches do Tororó e, mais tarde, do Secos & Molhados.

Essa ?queda? pela cadência do samba já se mostrava, de certa forma, nos CDs anteriores de Péri. Em A cama e a tv (1997) e O samba é bom revelava sua intimidade com o ritmo, e, em Morda minha língua (2000), Mamâe falou veio reforçá-la.

Samba passarinho foi nascendo aos poucos. As composições iam surgindo nas longas madrugadas de Péri em sua casa na Vila Madalena, em São Paulo. Quando decidiu que era hora de registrar, ele foi para o próprio estúdio e gravou ao vivo acompanhado somente de seu violão.

Terminada a gravação, e ainda descrente de que um cd de voz e violão viesse a agradar as pessoas, começou a entregar cópias do trabalho para poucos amigos, e diz que foi aí que ele começou a ganhar vida e andar sozinho. 

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