Ele prometeu e entregou: Sam Smith trouxe seu único álbum na bagagem (In The Lonely Hour, de 2014) e foi ovacionado por dezenas de milhares ao se apresentar no sábado, 26, à noite no Palco Mundo do Rock in Rio. Pela primeira vez no Brasil, Smith cantou os hits com sua voz poderosa, um carisma simpático e visivelmente feliz diante de tanta gente.
“É incrível vir tão longe da minha casa e tocar na frente de tantas pessoas”, disse, para aplausos histéricos da plateia, logo após I’m Not The Only One e Togheter, suas duas primeiras canções no show. “Vocês estão preparados para cantar cada palavra hoje à noite mesmo se não souberem as letras?”, brincou, antes de emendar Leave Your Lover, uma de suas “favoritas”. Em fevereiro, ele levou quatro gramofones no Grammy, incluindo o de melhor novo artista. Seu show no Rock in Rio mostrou aos brasileiros os porquês.
Mais cedo, Lulu Santos abriu o Palco Mundo com a dezena de hits de sempre e seu show sob medida para o festival – aos primeiros acordes de Toda a Forma de Amor responderam de maneira precisa os milhares em volta do palco: dançando, cantando, se abraçando. Uma festa.
“Uma família de verdade é aquela que tem amor. Isso já basta”, disse Lulu no palco, emocionado. Ele usou a música Sócio do Amor para criticar a aprovação do conceito de família como união entre homem e mulher aprovada pela Comissão Especial do Estatuto da Família na última quinta-feira, 24.
O prometido encontro do cantor com Mr. Catra se resumiu a uma canção, Condição. O MC subiu no meio da faixa e foi recebido com uma vibração enorme, justamente naquele que era o momento mais morno do show. Foi curto, mas, sim, vivemos para ver Catra no Rock in Rio. Mesmo assim, bem mais modesto do que todo mundo esperava.
Entre as duas apresentações, o grupo australiano Sheppard passou pelo Palco Mundo e, por mais que o vocalista George Sheppard tenha se esforçado, a apresentação não será lembrada. O grupo mostrou um pop descartável e desafinado que quase não foi notado por um público anteriormente tão efusivo durante o show de Lulu Santos.
Antes das apresentações principais da noite, um mito do Rock in Rio já havia caído: o de que o metal tem seu público cativo e colocar quaisquer bandas pesadas e populares para tocar no festival vai garantir a lotação máxima do evento.
Neste sábado de nuvens cinzentas e brisa na Cidade do Rock, milhares de jovens, bem jovens, já ocupavam o espaço do Rock in Rio no início da tarde, complicando um pouco a locomoção entre os palcos e a Rock Street, espaço que oferece produtos para compra e uma dúzia de outras atrações de patrocinadores, que vão de um karaokê ao vivo com banda até o Xtreme, um brinquedo montado ao lado da tenda eletrônica que pode ser comparado a um imenso liquidificador. Andar por lá não era missão simples. Na sexta, quando o Slipknot era o protagonista, espaços vazios eram menos raros.
No data em que as atrações principais são fenômenos da música pop contemporânea, o que se viu nos caminhos do RIR era uma mistura de adolescentes acompanhados de pais entusiastas, mudança grande em relação aos fãs de metal de outros dias.
No meio da tarde, um avião que passeou sobre a Cidade do Rock carregava uma faixa dizendo Bitch Better Have My Money, título do single mais recente de Rihanna, atração principal do dia. Ela volta ao festival depois de protagonizar um show memorável – em vários sentidos – em 2011, quando subiu ao palco com duas horas de atraso. Desta vez, porém, ela traz outro álbum na bagagem, Unapologetic, de 2012. A cantora estaria ainda trabalhando em um novo disco desde meados de 2014, cuja produção é assinada por Kanye West. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.