O estacionamento do Instituto Inhotim, com capacidade para aproximadamente 900 vagas, tinha, por volta do meio-dia do domingo, 22, 94 veículos de passeio, um ônibus, um micro-ônibus e quatro vans. Na entrada, três dos seis guichês para compra de bilhete estavam em operação. Um aviso alertava para manutenção de seis galerias. Apesar da queda na receita, banheiros estão limpos, lixo recolhido e não há sinais de má conservação em placas de orientação.
Também não há indícios de demissões. “Só sai quem quer”, diz uma funcionária, que pede para não ser identificada. Quem trabalha há mais tempo no Inhotim, no entanto, confirma o que está no relatório da Ernest & Young. “O movimento caiu por causa do rompimento da barragem. As pessoas têm medo de visitar o Inhotim”, afirma outro funcionário.
O relato do mesmo contratado pelo museu mostra que ainda há falta de informação em relação à tragédia da Vale em Brumadinho. “Outro dia, um visitante me pediu para mostrar no mapa do museu o local em que a represa rompeu”, diz. O mapa a que se refere é o do Inhotim, recebido na entrada do museu.
Reação
O secretário de Turismo de Brumadinho, Marcos Paulo de Andrade Amabis, confirma que Inhotim pode, sim, fechar. “O custo operacional é muito alto”, aponta. O secretário relata os motivos que, conforme acredita, fizeram com que o instituto chegasse a essa situação. A incidência de febre amarela em Minas Gerais, entre o final de 2017 e o ano de 2018, reduziu a frequência de visitantes. Quanto ao recuo nos convênios e projetos, a culpa, segundo Amabis, é da crise econômica vivida pelo País no período.
“O Inhotim vinha se recuperando, mas aí veio a tragédia da Vale”, afirma o secretário, mencionando a última ponta do tripé que, acredita, prejudicou e vem prejudicando o museu. Conforme o representante da prefeitura, com o rompimento da barragem da Vale, que deixou 250 mortos e 20 desaparecidos, o turismo no município caiu 90%.
Para tentar aumentar o movimento no Inhotim foi criada uma campanha publicitária chamada “Abrace Brumadinho”, que durou do final de maio até agosto. “Demos muita ênfase ao museu. É o principal indutor do turismo no município”, realça o secretário. Outra tentativa de melhorar o fluxo de turistas é o aumento da frequência no número de shows no Inhotim, com espetáculos de músicos de renome.
“É uma apresentação a cada mês e meio. O ingresso é o mesmo para entrar no Inhotim, mas com número limitado de espectadores entre 3 mil e 3,5 mil pessoas”, informa também Amabis. Alcançado o limite, os turistas podem, no mesmo dia da apresentação, continuar acessando o museu, mas sem ver o show, conforme explica o secretário. “Dessa forma estamos tentando fazer com que as pessoas percam o medo de ir ao Instituto Inhotim”, diz ainda o secretário. As apresentações são feitas por patrocinadores via lei de incentivo à cultura.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.