Incentivar a formação de leitores com ênfase na literatura. Essa é a característica que diferencia o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, cuja 16.ª edição começa nesta quarta-feira, 28, no Rio, dos demais eventos literários do Brasil. Lá, o visitante não encontrará livros de autoajuda, dicionários, religiosos ou para pintar, tão comuns em outras feiras desse porte, apenas obras de literatura ou informativas. Durante doze dias, além de conversar com escritores e ilustradores, os leitores poderão participar de debates, seminários, assistir a performances e a uma série de encontros paralelos.
“Não temos contação de história, fantasias nem apresentações em vídeo. Não somos contra outras formas de expressão artística, mas aqui focamos na literatura, na arte escrita”, afirma Elizabeth Serra, secretária-geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Entre os autores que o visitante encontrará pela feira estão Ziraldo, Ana Maria Machado, Graça Lima, Marina Colasanti, Nélida Piñon, Lúcia Hiratsuka, José Carlos Lollo, Blandina Franco, Anielizabeth, Stella Maris Rezende, Anna Claudia Ramos, Férrez, Guto Lins, Pedro Bandeira e Nelson Cruz.
O salão também será palco do 16.º Seminário FNLIJ Bartolomeu Campos de Queirós, que discutirá a importância da fantasia na literatura. A ideia é debater a fantasia como contraponto do politicamente correto, que invade não apenas a literatura como o teatro e a música feita para crianças. “A busca pelo politicamente correto não ocorre apenas no Brasil, é universal, e pode comprometer a criação. Por isso a discussão é fundamental”, diz Elizabeth.
O seminário ocorrerá nos dias 2, 3 e 4 de junho. O primeiro dia será dedicado à literatura da Argentina, país homenageado este ano, que enviará 18 representantes ao evento. Além de escritores e ilustradores argentinos, as especialistas Laura Giussani, Susana Allori e María Cristina Ramos apresentarão um panorama da literatura feita no país vizinho.
A ilustradora Marisol Misenta, a Isol, vencedora em 2013 do Prêmio Astrid Lindgren (Alma), também estará presente. Os visitantes poderão conhecer mais de 300 livros de autores argentinos e haverá uma mostra de 26 ilustradores.
No segundo dia haverá o 11.º Encontro de Autores Indígenas, com o tema Literatura Indígena, a Bola da Vez, e no terceiro dia, especialistas discutirão a literatura por meio dos temas tratados no 14.º Congresso do International Board on Books for Young People (IBBY), que foi realizado há 40 anos: o livro infantil, sua criação, produção e promoção; a aproximação da criança com o livro; a formação e a preparação do adulto para aproximar a criança do livro; e o trabalho internacional com o livro infantil. No Brasil, o IBBY é representado pela FNLIJ.
Homenagem
Neste ano, o salão também homenageará o autor Roger Mello, premiado em março pelo IBBY na categoria ilustração, na feira internacional de Bolonha. Para comemorar o feito – a premiação, espécie de Nobel da literatura infantojuvenil, nunca havia sido concedida para um ilustrador na América Latina -, o salão preparou uma exposição sobre as obras de Mello, baseada no dossiê produzido pela FNLIJ para a indicação do autor ao prêmio.
Intitulada Roger e seus Jardins, a exposição, conta Elizabeth, tem a ver com a própria vida de Mello. “O Roger mora em Guaratuba, curte plantas, foi influenciado por Burle Marx. Também temos um material lindo em que ele faz um percurso dentro de suas próprias obras, falando sobre cada livro e utilizando todas suas referências artísticas e filosóficas.”
O visitante também poderá conhecer as bibliotecas montadas exclusivamente para o salão: para bebês, crianças, jovens e para o educador. No espaço do ilustrador, também haverá performances de ilustradores, convidados para desenhar na presença do público. Em um painel, o leitor terá acesso a todos os 420 títulos que já receberam o selo de indicação da FNLIJ. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.