A delegação curitibana no Salão do Humor do Piauí: na parte de trás, Priscila e Thiago Recchia. Na frente Marco, Solda, Paixão, Marchezinni e Dante Mendonça. |
O Salão de Humor do Piauí/Brasil, há tempos, já entrou para o calendário de eventos não só de Teresina como também do Brasil. Em sua 22.ª edição, que vai acontecer de 8 a 14 de novembro, o salão está ainda mais completo e abrangente. Neste ano, as exposições ocorrerão, simultaneamente, em locais distintos: Theatro 4 de Setembro; Clube dos Diários; Praça Pedro II; Central de Artesanato; Avenida Antonino Freire; Palácio de Karnak; Correios; Praça da Liberdade; Praça São Benedito; Biblioteca Pública Cromwell de Carvalho; Rua Climatizada; Avenida Frei Serafim; Aeroporto Petrônio Portela e Terminal Rodoviário.
Além de conhecer as charges, cartuns, caricaturas, fotografias, esculturas e ilustrações de artistas brasileiros e internacionais, o público poderá participar de eventos como espetáculos musicais, teatrais e humorísticos, palestras, debates e mostras, além de ter à disposição estandes de comercialização de livros e produtos de humor.
Visite o 22.º Salão de Humor do Piauí/Brasil e faça você também uma irreverência à arte.
O tema
O Salão de Humor Piauí/Brasil 2004 tem como tema central O Racismo. Será com este tema que artistas concorrerão aos prêmios com suas charges, caricaturas e cartuns. Durante o evento, e ainda tendo o mesmo tema, o público poderá participar de palestras e debates abertos a todos os que quiserem se familiarizar ou se aprofundar no tema central do salão. Paralelamente, os estudantes, profissionais da comunicação, educação, arte e cultura que quiserem se aprofundar no universo do desenho de humor poderão participar de oficinas de charge, cartum, caricatura, ilustração, história em quadrinhos, texto de humor, gravura, pintura, cinema e teatro.
Categorias
Os trabalhos deverão ser apresentados com tema livre, nas modalidades charge, cartum, caricatura, obedecendo às seguintes definições: charge: desenho de humor relativo a fato ocorrido recentemente; cartum: desenho sem vínculo necessário a qualquer fato específico; caricatura: retrato com distorções anatômicas e psicológicas de personalidades conhecidas.
Especificações
Em cada categoria, o concorrente poderá inscrever até 3 (três) trabalhos, em qualquer técnica, no formato padrão 30x40cm.
Envio dos trabalhos
Os originais inéditos (não publicados) deverão ser enviados pelos Correios via Sedex (inscrição nacional), para a Fundação Nacional do Humor, Praça Ocílio Lago, s/n.º – Fátima – CEP 64048-160 – Teresina-Piauí-Brasil, para que possam estar em poder dos organizadores até o dia 26 de outubro de 2004. No verso de cada trabalho, deverão constar a categoria em que está inscrita a obra, nome completo do autor, endereço, telefone, e-mail, dados biográficos e foto.
Júri oficial
O júri de seleção e premiação será formado por sete profissionais de reconhecida competência da área.
Prêmios
O vencedor de cada categoria receberá um troféu e um prêmio de R$ 3.000,00 (três mil reais).
Júri popular
Será escolhido, em cada modalidade, o melhor trabalho na opinião do público visitante. A aferição será feita através do Instituto Piauiense de Opinião Pública. Não será concedido prêmio em dinheiro.
Cartum temático e caricatura temática
Será escolhido também o melhor trabalho em cartum, tendo como tema O Racismo; e o melhor trabalho em caricatura pessoal, tendo como tema Nelson Mandela. Para estas categorias, não há limite para o número de trabalhos inscritos nem precisam necessariamente ser inéditos (formato 30x40cm, digitalizados em 300dpi, modo de cor RGB, em formato JPG -qualidade média -, obedecendo ao limite máximo de 1,5 MB, enviados via internet ou gravados em CD). Devem ser enviados para os seguintes endereços:
humorglobal@humorglobal.com.br
salaohumorpiaui@carter.com.br
humorglobal@carter.com.br
fundacaodohumor@carter.com.br
Teresina: capital do humor
No ano de 2003, o Salão de Humor do Piauí/Brasil aconteceu de 20 a 26 de outubro, em Teresina na capital do Estado, e teve como tema principal a “Fome”, homenageando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, por sua dedicação e combate à miséria no País.
Foram inscritos 950 desenhos, cerca de 600, de artistas brasileiros e 341 do exterior representando os mais distantes pontos do Planeta, tais como Japão, Cuba, Ucrânia, Israel, Bélgica, República Tcheca, Polônia, Itália, Rússia, Estados Unidos, Argentina, Espanha, Irã, Romênia, Eslováquia, Alemanha, além de trabalhos de artistas de 20 estados da Federação brasileira. Foram expostos 800 desenhos, espalhados em praças, ruas, avenidas, rodoviária e no aeroporto de Teresina. Antes, as exposições se limitavam apenas ao Complexo Clube dos Diários (Theatro 4 de Setembro, Clube dos Diários e Praça Pedro II).Este ano foi diferente. Pela primeira vez, os estandes foram espalhados na Praça da Liberdade, Praça São Benedito, Rua Climatizada, Avenida Frei Serafim, rodoviária e no aeroporto. O nível dos desenhos foi surpreendentemente elevado.
Homenagem a Nelson Mandela
O tema fechado para caricatura do Salão de Humor do Piauí/Brasil este ano será Nelson Mandela. Este guerreiro da luta pela igualdade racial nasceu em Qunu, na África do Sul, em 16 de julho de 1918. Líder do movimento antiapartheid, que lutava pelo fim da segregação racial em seu país, Mandela uniu-se ao Congresso Nacional Africano – CNA, em 1942, para abraçar esta causa. Dois anos depois, decidiu fundar uma organização mais dinâmica: uniu forças com Walter Sisulu e Oliver Tambo e fundou a Liga Jovem. Em agosto de 1962, Mandela foi preso, acusado de sabotagem, conspiração e condenado à prisão perpétua. Mas isso não o fez parar de agir e, anos mais tarde, a CNA publicou uma declaração feita por ele, onde pedia aos ativistas que unissem forças para lutar contra o apartheid.
Fortes reivindicações internacionais e da CNA conseguiram devolver sua liberdade após mais de 30 anos em reclusão. Em 1993, dividiu com Frederik de Klerk o Prêmio Nobel da Paz e foi o primeiro presidente negro da África do Sul. Governou de 1994 a 1999. Em junho deste ano, Mandela anunciou sua retirada da vida política, mas disse que continuará na luta contra a aids. Faça sua caricatura do Nelson Mandela e participe do Salão de Humor do Piauí/Brasil.
“Esse evento é fantástico”
Um dos maiores desenhistas de humor do País, Luís Antônio Solda, ficou impressionado com a integração do Salão de Humor do Piauí/Brasil. Após anos sem sair de Curitiba (PR), por problemas de saúde, Solda resolveu visitar o Piauí. “Foi um desafio que valeu a pena”. afirmou. Num estilo bastante discreto, Solda participou do salão, ministrando oficina juntamente com os cartunistas Dino Alves e Jô Oliveira. “Estive muitas vezes no Salão de Piracicaba e não vi nada semelhante à integração e participação das pessoas daqui.” Paulista de Itararé, reside há muitos anos em Curitiba, onde atua em vários setores, tais como a propaganda, imprensa, teatro, dentre outros.
Com um traço refinado, Solda é um nome respeitado na arte do humor, que retrata a conjuntura atual num estilo próprio. “Eu acho que todo mundo deveria ter, pelo menos, senso de humor”, afirmou. Veja a seguir uma rápida entrevista concedida ao Humor Global.
P – Qual a sua impressão sobre o Salão de Humor do Piauí/Brasil?
Solda – É a primeira vez que venho ao Piuaí, mas estou impressionado. As pessoas estão envolvidas; e, nas ruas, elas sabem o que é ser cartunistas. Estou achando fantástico, pelo respeito que têm e pela harmonia de todos.
P – O salão persiste por 21 anos. Existe alguma explicação para o seu sucesso?
Solda – Eu acho que o humor facilita muita coisa, inclusive entender os outros. Estive, muitas vezes, no Salão de Piracicaba e não vi nada semelhante à integração e participação das pessoas daqui.
P – O que lhe chamou a atenção no evento?
Solda – Foi tudo, em especial o envolvimento das pessoas. Aqui, ninguém quer ser mais que o outro. São as mesmas pessoas, tratando de um assunto comum a todos.
P – O que você achou do nível dos trabalhos?
Solda – Achei muito bom, excelente.
P – Faz muitos anos que não vou a Piracicaba. A última vez foi em 1975, era uma época dura, no período da ditadura militar. Não havia muitos desenhos políticos, tinha realmente um clima escondido; a gente não podia fazer um desenho sobre violência. Agora, não. Você pode fazer tudo. Isso é fantástico!
P – Na sua opinião, qual a função social do artista na arte de fazer humor?
Solda – Eu acho que todo mundo deveria ter, pelo menos senso de humor. Isso ajuda a gente a viver melhor. Então, se você consegue fazer disso uma profissão, o trabalho se realiza. Porque você tem uma nova maneira de entender as coisas. O humor deveria ser a primeira coisa a ser feita quando se acorda e a última quando se dorme. Com isso você entende as coisas perfeitamente.