O concerto que a Sinfônica do Estado apresenta nesta quinta, 27, e sexta-feira, 28, na Sala São Paulo foi programado há mais de um ano; e o repertório – peças de Camargo Guarnieri, Leonard Bernstein e Luciano Berio – foi pensado à luz de uma apresentação que a Osesp fará em outubro em um festival londrino. Ainda assim, as recentes manifestações pelo País deram a ele uma atualidade contundente. É o que sugere a maestrina norte-americana Marin Alsop, que rege as apresentações. São todas obras estreadas no fim dos anos 60, ela lembra, e que carregam dentro de si algumas perguntas: qual o futuro possível, para onde vamos? “É o que percebo que o povo brasileiro está perguntando hoje nas ruas.”
A orquestra começa o concerto com a Sinfonia n.º 4 – Brasília, de Guarnieri; em seguida, toca as Danças Sinfônicas de West Side Story, de Bernstein; e encerra a noite com a Sinfonia de Berio, da qual os Swingle Singers participam como solistas. “Bernstein é o eixo do programa. Guarnieri dedicou sua sinfonia a ele e Berio escreveu sua peça para que ele a estreasse em Nova York. Nesse sentido, eles lidam com a questão que ocupava Bernstein no fim dos anos 60: para onde vamos em termos da arte como representativa da sociedade civilizada?”, indaga Alsop, que faz então uma relação com o momento vivido pelo País. “O que está de fato acontecendo? Vivemos o caos, tudo isso é fruto de algum acaso? Mais importante: a sociedade está se rompendo? Há um futuro? Há alguma regra, alguma justiça? Podemos confiar em alguma instituição nesse processo?”, pergunta-se.
OSESP – Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elísios, 3223-3966. 5ª e 6ª, 21 h; sáb., 16h30. R$ 28/ R$ 160.