Sai em DVD versão de Minghella de ‘Madama Butterfly’

Em uma entrevista concedida pouco antes da estreia de sua produção de “Madama Butterfly”, em Londres, o cineasta Anthony Minghella dizia que havia demorado para aceitar um convite para dirigir óperas. Não sabia, conta, como levar ao gênero as técnicas do cinema. Só mudou de ideia quando inverteu o raciocínio: em vez de aplicar à ópera o que já conhecia, resolveu olhar para a música de Puccini e deixar que ela lhe sugerisse um caminho, que exploraria de acordo com sua sensibilidade de artista. O resultado é uma montagem sensível e plasticamente muito bonita, disponível agora em DVD, gravado em 2010, quando a produção foi encenada no Metropolitan Opera House de Nova York.

Minghella trabalha em um espaço cênico minimalista, abre mão da recriação de cenários naturalistas e, no lugar, faz uso de recursos simples, abstratos e mágicos nos momentos de maior lirismo, concretos (mas nunca exagerados) quando a tragédia se insinua. Há sacadas visuais muito bonitas – a coreografia de luminárias japonesas durante o dueto do primeiro ato; o boneco usado para representar o filho de Cio-Cio-San; os painéis que montam e desmontam a estrutura da casa; o desenrolar do pano vermelho na cena final. Tudo isso permite que a música respire em toda a sua intensidade – é ela, afinal, que torna essa história cotidiana de um amor frustrado em algo sublime e significativo ainda hoje.

No Japão assolado pela guerra, Cio-Cio-San se apaixona por Pinkerton, soldado americano que, por sua vez, vê nela pouco mais do que uma aventura, a ser vivida antes do retorno aos Estados Unidos e a uma mulher com quem poderá se casar. Da noite de amor do casal, no entanto, nasce um filho, ao lado de quem a moça japonesa, ainda apaixonada, espera ansiosamente o retorno do amante americano.

A montagem tem elenco homogêneo. Uma Cio-Cio-San de voz mais leve, a soprano Patricia Racette é convincente ao expressar a fragilidade de uma adolescente apaixonada capaz, ao mesmo tempo, de se resignar perante a desonra e tirar a própria vida. O tenor Marcelo Giordano é um Pinkerton apaixonante. Destaque ainda para Dwayne Croft e Maria Zifchak, como Sharpless e Suzuki. Patrick Summers conduz a orquestra do Metropolitan em leitura teatricalmente eficiente.

Coleções – “Madama Butterfly” é o primeiro de uma série de lançamentos em DVD de montagens do Metropolitan Opera. Já estão disponíveis também “Doctor Atomic”, de John Adams; “Salomé”, de Strauss; e “Simon Boccanegra”, de Verdi. Também estão chegando ao mercado brasileiro CDs com gravações históricas do teatro. Entre elas, um “Romeu e Julieta”, de Gounod, com Bidu Sayão; uma “Tosca”, de Puccini, com Franco Corelli e Leontyne Price; e uma “Valquíria”, de Wagner, com Birgit Nilsson e Jon Vickers. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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