A Rússia do encenador e teórico Constantin Stanislavski e do dramaturgo Anton Chekhov tornou-se referência para toda a cena teatral do século 20. No entanto, o fechado regime soviético acabou por provocar o isolamento de seus artistas. Quando os efeitos da perestroika se fizeram sentir, o diretor e teórico teatral Valery Shadrin investiu pesado no intercâmbio internacional. Organizou mostras de teatro alemão, italiano, francês até criar, em 1992, o Festival Internacional de Teatro Chekhov, do qual já participaram diretores como Peter Brook, Ariane Mnouchkine, Bob Wilson, Peter Stein e Tadeshi Susuki. A única companhia brasileira a integrar o festival foi o Teatro da Vertigem, de Antonio Araújo, com “O Livro de Jó”. Agora isso pode mudar.
No dia 25, Shadrin chega ao Brasil para conhecer um pouco melhor o teatro brasileiro. Vem acompanhado por experts em teatro, entre eles o professor titular da Escola de Arte Dramática do Teatro de Arte de Moscou Vidas Silyunas, da crítica teatral Anes Marina Davydova e do representante do Ministério da Cultura Alexandre Volkov. “Ele vem com alguns dos mais importantes formadores de opinião na área teatral em Moscou”, diz a pes quisadora russa radicada no Brasil Elena Vassina, também curadora do festival.
A equipe já tem encontro marcado com os diretores Antunes Filho e José Celso Martinez Correa e artistas dos grupos mineiros Galpão e Giramundo. A princípio, eles ficarão dez dias no País, divididos entre Rio e São Paulo. Entre os espetáculos já agendados estão Otelo, Hysteria, O Que Diz Molero e Fausto Zero. “A vinda deles ao Brasil não se resume a escolher espetáculos para uma possível participação no Festival Chekhov”, comenta Elena. “Na verdade, eles querem ampliar seu conhecimento sobre o teatro brasileiro – por enquanto, o Teatro da Vertigem é a referência – e, na volta, isso renderá artigos, palestras e, certamente, entrevistas em televisão e rádio. Diferentemente do Brasil, na Rússia o teatro é uma arte muito popular.”