Anunciado na última edição da Festa Literária Internacional de Paraty, em agosto, o projeto Residência Literária, do Sesc, revela hoje o vencedor. Ronaldo Bressane passará três meses em Paraty, entre março e maio de 2015, com alimentação e moradia pagas pelo Sesc e uma bolsa mensal de R$ 5 mil. Nesse período, ele terá de se dedicar exclusivamente ao livro inscrito e que venceu outras 196 obras: Escalpo.

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“Sempre foi um sonho poder brecar minha rotina bagunçada de jornalista e escritor freelancer para distrair meu transtorno de déficit de atenção e focar em um único projeto literário. A última vez que consegui fazer isso foi quando finalizei meu romance Mnemomáquina: tinha quebrado a perna em um acidente e para me restabelecer fiquei um mês em uma casa de praia, sozinho e quase sem internet”, disse Bressane.

Ele conta que o livro em que trabalha, e que foi escolhido entre os participantes por ter mais consistência e potencial de desenvolvimento, trata da amizade entre um quadrinista que perdeu o apartamento, a mulher e a carreira – por acusação de plágio – e um velho escritor chileno, que há décadas procura os filhos que nunca chegou a conhecer por ter fugido para o Brasil depois do golpe militar. “Parece uma história realista, mas no meio da trama vai aparecer minha velha ligação com a weird fiction em temas como precognição, telepatia, estados alterados da percepção e discos voadores”, completa.

O Sesc tem um histórico de apoio a escritores estreantes e o Prêmio Sesc de Literatura, que já revelou, entre outros, Luisa Geisler, Marcos Peres e André de Leones, é um bom exemplo. Mas agora, o foco é no autor mais experiente.

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Puderam concorrer a essa temporada na cidade histórica candidatos com entre dois e oito livros publicados em qualquer gênero ficcional. Na inscrição, apresentaram 20 páginas do livro e ainda uma proposta de ação de incentivo à leitura. A de Ronaldo Bressane inclui oficinas em Paraty durante sua estadia lá. Ele explica: “Vou coordenar um laboratório de ficção chamado Contos para o Próximo Milênio, cujos exercícios de escrita são baseados nas propostas de Italo Calvino. Nesta oficina, que já dei no Centro Cultural B_arco e no Clube Literário Hussardos, acabo falando de uns 100 livros. Então é ao mesmo tempo uma ação de estímulo à redação e à leitura. Pela interação com o público local, essa contrapartida à residência me pareceu uma das características mais interessantes do projeto – além, claro, da bolsa e da própria cidade”.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.