Romeu e Julieta na capital paranaense

O diretor Edson Bueno estreia neste sábado, no Espaço Cultural Falec, a montagem Romeu e Julieta, baseada no texto de William Shakespeare, escrito no fim do século 16.

Em cena um elenco formado por 11 jovens atores que têm nos papéis principais Dimas Bueno e Tatiane Iovanovitchi. Esta versão se passa em Verona – com cenário e figurinos de época -, mas tem uma linguagem moderna, o que cria o contraponto deste novo olhar sobre a história de amor mais famosa da literatura.

Além da direção de Edson Bueno, a montagem tem o trabalho de iluminação de Beto Bruel que junto com Bueno soma 31 troféus Gralha Azul, dois Kikito e três prêmios Shell. Paulinho Maia criou os figurinos e o magnífico cenário no qual foram usados 500 metros quadrados de madeira.

Bueno afirma que ao trabalhar o texto original é preciso ter respeito, gostar de Shakespeare e acreditar que em suas palavras estão algumas das maiores reflexões sobre a condição humana.

“É um espetáculo que ao mesmo tempo reverencia Shakespeare, confirmando-o como o maior dramaturgo de todos os tempos, mas também é iconoclasta e caótico, principalmente na linguagem teatral, buscando romper pela palavra e pela fisicalidade as próprias convenções do teatro clássico.”

Ele avisa que muita coisa do texto foi cortada e outras tantas acrescentadas, tanto como comentários pessoais do diretor e dos atores, como textos e poemas do próprio Shakespeare, inclusive de outras de suas peças.

Amantes

Nos papéis de Romeu e Julieta estão Dimas Bueno e Tatiane Iovanovitchi, que haviam trabalhado juntos em outras produções, entre elas a montagem de Laranja mecânica (6 indicações e recebeu 1 Troféu Gralha Azul) e Libel – a sapateirinha.

O desafio para ambos desta vez é estar no palco e na produção de uma montagem adulta. Romeu e Julieta provoca grande impacto porque tem uma beleza emocional única.

Assinar esta produção e estar em cena ao mesmo tempo está sendo um grande desafio. E, para isso, convidamos o melhor diretor teatral do Paraná da atualidade”, diz Tatiana que, no início dos ensaios da peça, foi convidada pelo casting da Rede Globo para integrar o elenco da novela Caras e bocas. Em função do compromisso já assumido em Curitiba ela não aceitou o convite.

Após 5 horas diárias de ensaios, durante várias semanas, ela define “sua” Julieta como dissimulada, mas também é sonhadora e apaixonada. “Aprendi muito com ela. Descobri sentimentos e sensações que eu desconhecia e estou feliz por viver uma mulher com tanta paixão.”

Dimas Bueno diz que este é um dos papeis mais difíceis que ele já fez porque representa o arquétipo do amor. “Por ele representar a plenitude do amor, o lado perfeito que existe no amor, se torna um trabalho difícil de realizar, pois não pode ser piegas, tem que ser absolutamente verdadeiro. E ninguém espera menos dele. E isso não é nada fácil, principalmente nos dias de hoje. Eu sou pragmático, tive que aprender ser pragmático com a vida e o Romeu é sonhador. Também não é uma personagem fácil porque já foi montada centenas de vezes e não posso repetir, ser uma cópia. Por isso está sendo um exercício difícil, mas fantástico no meu desenvolvimento como ator e homem. Mas esse é o trabalho do ator. Resumindo: É muito bom ser Romeu.”

Com relação a divisão dos papéis ator/produtor, ele afirma que o desafio é ainda maior em função do tamanho do elenco. “São 11 atores em cena e isso não é fácil. Mas estamos seguros das nossas decisões porque escolhemos os melhores de cada área. É um trabalho que prima pela excelência como obra d,e arte e como entretenimento”, diz.

“Encenar Shakespeare em 2009 não pode nem deve ser um ato de narcisismo fútil, mas uma experiência de autodescoberta e uma aventura pela trajetória humana. Shakespeare, fala sobre amor, amizade, morte, ódio, violência, incompreensão, alegria e sofrimento. E qual de nós todos não viveu pelo menos um pouco de cada um destes sentimentos e o efeito devastador que um provoca no outro, conforme nos permitimos saltar desse para aquele ao sabor de nossos sonhos e objetivos”, afirma Edson Bueno. “Na minha opinião Romeu e Julieta representam a parcela sincera de amor que ainda sobrevive, mesmo depois que morrem. A sociedade se transforma, perde o romantismo, adquire mais cinismo, mas dentro de cada um de nós permanece (e é preciso que permaneça!) um espaço dedicado ao puro, caso contrário nada mais tem sentido e tudo se perde. Romeu e Julieta são a resistência à violência, ao ódio, à indiferença, e a tantos outros sentimentos que envenenam as relações humanas”, completa o diretor.

Serviço

Romeu e Julieta. De 25 de abril a 31 de maio às 21 horas. De quinta a sábado, às 21h, e domingos às 20h. Espaço Cultural Falec (Rua Mateus Leme, 990 -Centro Cívico). Ingressos: R$ 20,00 (inteira). Informações: 3352-2685.

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