Desde que despontou na tevê em 1999, como o boa-praça Touro de Malhação, Roger Gobeth nunca ficou muito tempo à míngua. Ao contrário: depois de interpretar o jogador de pólo aquático por dois anos no folheteen da Globo, emendou uma produção na outra. Sempre por obra certa. Ano passado, quando terminou de gravar Kubanacan, viu-se, pela primeira vez, sem perspectivas. Por seis longos meses, não fez outra coisa senão correr de um teste para outro. O período de vacas magras, como ele mesmo diz, só terminou ao receber o convite da Band para protagonizar Floribella. "Estar trabalhando aqui, ali ou acolá não importa. O importante é estar trabalhando. Se o produto for bom e interessante, a emissora em que ele vai ser exibido não faz diferença", garante.
Ator por vocação e arquiteto por formação, Roger só não desistiu de tudo por incentivo familiar. Ele lembra que os pais, os arquitetos Luiz e Néia Gobeth, também são profissionais liberais. "Meus pais também nunca tiveram patrão. Ainda assim, nunca faltou trabalho para eles", orgulha-se. O ostracismo só não foi pior porque, nesse período, voltou a fazer teatro. Na peça Inês de Castro – A Rainha Morta, em cartaz no Rio, interpreta o Príncipe Dom Pedro I. Antes de fechar com a Band para interpretar outro nobre, o ricaço Frederico Fritzenwalden, insistiu para que as gravações da novela não atrapalhassem o espetáculo. "No teatro, não chego a ganhar dinheiro. Faço por prazer. Mas, como todo mundo, também tenho minhas contas para pagar…", brinca.
Atualmente, Roger trabalha uma média de 12 horas por dia. De segunda a quarta, chega no estúdio por volta das 9 h e não sai de lá antes das 21 h. Em dias de espetáculo, porém, termina de gravar por volta das 19 h e corre direto para o Teatro Villa-Lobos, em Copacabana, na zona sul do Rio. "No final do dia, estou cansado sim e não é pouco não. Mas é um cansaço diferente, recompensador. Estou atravessando um momento muito bacana na minha carreira", assegura. Aos 32 anos, Roger Gobeth sente-se ainda mais recompensado ao saber que, desde que estreou, a audiência de Floribella já saltou de 1,5 para 6 pontos no concorrido horário do Jornal Nacional, da Globo. "Sinceramente, esse é um assunto com o qual não gosto de me envolver. Senão, piro. Mas é sempre bom saber que estou participando de um projeto vitorioso. Assim, você não sofre tantas pressões…", justifica.
Com tanto corre-corre, Roger tem tido pouco tempo para desfrutar do assédio do público. Pela primeira vez na carreira, o paulista de Piracicaba está tendo a oportunidade de fazer um trabalho voltado para crianças. "Sempre que me vêem, querem porque querem saber quando eu e a Flor vamos ficar juntos. Ainda não sabem que a história só se completa com a união dos personagens principais", brinca. O mais perto que Roger Gobeth chegou do público infantil foi em sua estréia na Globo. Até hoje, quase seis anos depois, muitas crianças ainda se referem a ele como o Touro de Malhação. "Certos personagens marcam mesmo. Para toda uma geração, ainda sou e continuarei sendo o Touro. Até pouco tempo, o Kadu Moliterno e o André di Biase ainda eram o Lula e Juba para mim", compara, imodesto, referindo-se aos personagens da Armação Ilimitada.