O Slayer tocou os últimos acordes de sua história no Brasil na noite desta sexta-feira, 4, fechando a programação do dia no Palco Sunset do Rock in Rio 2019. Pelo menos é o que a banda de Tom Araya prometeu em janeiro de 2018, quando lançaram a turnê que agora fez sua última apresentação no País: seria a última.
O palco era decorado com bandeiras gigantes que cobriam toda a extensão da parede atrás da banda, e caíam entre algumas músicas, com estampas de caveiras, espadas, raios e trovões, referências aos temas caros à banda (coisas como morte, suicídio guerra, satanismo, etc) e um show de luzes que botou as outras apresentações de metal do Rock in Rio até aqui em um patamar inferior.
Na plateia, rodas enormes se formavam em pontos próximos e distantes do palco. O Sunset ficou pequeno para o Slayer, que viu o público se apertar à frente do espaço enorme à sua frente (não há caixas avançadas na plateia no Sunset; o Palco Mundo tem três linhas de torres que distribuem o som). Como num jogo de futebol, um tipo de energia hostil se instalava no ar com sinalizadores e gritos de “ole, ole, ole, Slayer, Slayer”.
Formada em 1981 na Califórnia, a banda se consolidou entre público e crítica como uma das quatro do Big 4 do thrash metal, ao lado de Anthrax (também presente neste dia do metal do Rock in Rio), Metallica e Megadeth (as duas últimas em hiato após problemas de saúde de seus vocalistas). Como o Slayer demonstra no palco, tocando com raiva e fazendo muito barulho, o estilo é caracterizado pelo tempo acelerado (algumas músicas chegam a 220 bpm em versões gravadas, talvez ainda mais rápidas ao vivo), e embora a bateria tenha um papel fundamental são as duas guitarras que comandam o show.
Depois de uma apresentação em São Paulo cujos relatos dos fãs nas redes sociais definem como histórica, a banda trouxe ao Rock in Rio todo o seu cenário caprichado e também fez uma homenagem a Jeff Hanneman, guitarrista e fundador morto por decorrência de uma cirrose em 2013.
Por ser um show em festival, a apresentação teve menos canções: 13, contra 19 em São Paulo. Mesmo assim, o fechamento do show, com Black Magic (1991), Dead Skin Mask (1990) e Angel of Death – daquele que acabou sendo o álbum mais elogiado da carreira do Slayer, Reign in Blood (1986) – foi uma celebração do gênero para um público que começou o show ganho. Mesmo antes, porém, muitos fãs já se dirigiam ao Palco Mundo, onde o Iron Maiden faria a principal apresentação da noite. Muitos fãs reclamaram da proximidade de horário entre os dois – uma exigência da banda britânica para tocar mais cedo.
O Slayer é considerada uma das bandas mais influentes de todos os tempos, apesar de o gênero ter perdido espaço entre os anos 1990 e 2000. O último álbum de estúdio, Repentless (2015), porém, foi número 4 da Billboard, a mais alta posição da banda em seu país de origem. O baterista Paul Bostaph e os guitarristas Gary Holt (com uma camiseta escrito matem as Kardashians) e Kerry King (este outro membro fundador) completam a escalação da banda.
Nunca deixará de ser impressionante como apenas quatro pessoas com instrumentos nas mãos consigam fazer tanto barulho. Bandas desse tamanho costumam mentir sobre pendurar as guitarras, mas se o Slayer cumprir o prometido, essa foi a última vez que o Brasil viu a banda fazendo isso.