Roberto Carlos se rende ao funk

Roberto Carlos se rendeu ao funk. Quem acha difícil imaginar o cantor repetindo animadamente o refrão ?ela dança, eu danço? deve conferir o especial para a TV Globo gravado nesta terça-feira (5) na casa de shows Claro Hall, no Rio e que vai ao ar no dia 16. O funkeiro MC Leozinho, em dueto com Roberto, fez a platéia de 3 mil pessoas se sacudir ao som de Ela só Pensa em Beijar. Foi um dos muitos momentos de festa na noite em que o rei recebeu também Marisa Monte, Jorge Benjor, Erasmo Carlos e Wanderléa.

Rio (AE) – Nada a ver com o garoto que, aos 9 anos, tremia nervoso ao cantar o bolero Amor y más amor na rádio de Cachoeiro do Itapemirim. Em plena comunhão com seu público, Roberto Carlos, que há muito é tradição natalina nos lares brasileiros, revelou mais uma vez por que é trilha sonora na biografia de muita gente Como para a atriz Sônia Braga, que chegou acompanhada do ator Sidney Sampaio e avisou que considera o cantor ?a impressão digital dos brasileiros que gostam de música??.

Alegre, bem-humorado e leve, Roberto confidenciou ao público de milhões de pessoas que vão ver o programa na TV por que decidiu voltar a cantar Negro gato, lançada em 1966 e banida há muito de seu repertório. ?Faz muito tempo que não canto essa música, tanto tempo que tenho certeza agora que a terapia está funcionando?, brincou. Os fãs retribuíram a confiança com momentos de pura catarse, cantando junto com o ?rei?? sucessos que ecoam a história de cada um.

Ele iniciou o show com clássicos como Emoções e Como é Grande o Meu Amor por Você. Mas foram os duetos que marcaram o espetáculo. Os encontros começaram com Erasmo Carlos e Wanderléa. Os três, no palco, acompanharam junto com o público imagens no telão dos tempos da Jovem Guarda, como a antológica interpretação de Roberto e Erasmo, plenamente roqueiros, para Tutti Frutti. Depois cantaram, juntos, a sempre presente Amigo, renovando sua mútua declaração de amor anual.

?Há tempos queria cantar com ela??, anunciou Roberto antes de chamar ao palco Marisa Monte, com quem dividiu momentos memoráveis. Os dois cantaram juntos Amor I love you, de Marisa e, em seguida, evoluíram na química em direção a Eu te amo, te amo, te amo?, de Roberto. Os duetos prosseguiram com o ?compadre? Jorge Benjor, que aceitou o convite para ?animar a festa??. Cantou Chove chuva com Roberto e depois emplacou sozinho Taj Mahal.

Até Tom Jobim compareceu. Roberto se referiu a ele com um dos grandes encontros musicais que teve – e que está sendo registrado no DVD Duetos, que o cantor está lançando neste mês -, mostrou imagens suas cantando com Tom e interpretou, em espanhol, Insensatez. Sem saber que o diretor de TV e cinema Daniel Filho tinha, momentos antes, no saguão, o comparado ao genial compositor da bossa nova. ?É um dos grandes compositores brasileiros, o considero como Tom Jobim, e é um excepcional cantor?, disse.

Anunciado pela assessoria do evento como a surpresa da noite, MC Leozinho teve sorte. A gravação do hit Ela só pensa em beijar teve de ser repetida e ele duplicou o momento de glória. Antes de chamar o funkeiro ao palco, Roberto Carlos contou que estava ouvindo o rádio do carro quando se deparou com a música. ?E fiquei pensando: que letra maneira essa, com poesia bonita??.

O momento funk foi a apoteose de animação do especial de fim de ano. Após um pequeno intervalo, Roberto voltou ao palco não menos bem-humorado, mas mais introspectivo, para cantar Cavalgada e, em seguida, homenagear a amada Maria Rita. Não se importou quando, no meio da emoção de falar do dueto ?mais importante da minha vida?, teve que paralisar por segundos a gravação e começar tudo de novo. ?Guarda tudo isso que de repente a gente edita?, sugeriu.

O espetáculo terminou com a sempre presente Jesus Cristo e a farta distribuição de rosas vermelhas e brancas mas, antes, Roberto cantou É Preciso Saber Viver, sucesso do início dos anos 70, regravado recentemente pelos Titãs. No entanto, Roberto continua trocando a letra. No lugar da frase original feita por ele mesmo e que diz ?se o bem e o mal existem, você pode escolher?, ainda prefere eliminar o mal e ficar com ?se o bem e o bem existem??. Mas e a terapia, Roberto?

O primeiro especial de fim de ano de Roberto Carlos para a Globo foi gravado em 1974, inaugurando uma seqüência anual que só foi interrompida em 1999. Os fãs que soltaram a voz ontem no Claro Hall e os que vão assistir ao especial de TV, em casa no dia 16 (logo após a exibição da novela Páginas da vida), têm certeza de uma coisa: Papai Noel existe. Depois de 32 espetáculos de Natal, ele atende pelo nome de Roberto Carlos.

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