Filmando um especial para a Rede Globo, o cantor Roberto Carlos, de 70 anos, rompeu um tabu que já se arrastava há décadas e filmou externas pelas ruas de Jerusalém. Há anos, seus shows sempre são filmagens quase em tempo real de concertos em lugares fechados (à exceção do de Copacabana, no ano passado). O próprio Roberto não lembra quando foi a última vez que saiu às ruas para filmar, mas diz que gosta dos dois formatos, gosta de estar em ação com nos bons tempos do filme “Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa”, dirigido por Roberto Farias em 1968 (com cenas em Jerusalém) e cujas filmagens duraram um ano.
Neste domingo, em sua peregrinação light, ele chegou ao maior ponto de oração dos judeus, o Muro das Lamentações, ápice de suas caminhadas pela Terra Santa. Foi um tipo de apoteose: ele chegou em uma Mercedes cercada de policiais no sítio do Muro, caminhou até o local cercado de repórteres (as repórteres mulheres ficaram separadas por uma cerca, por conta da tradição), rezou e filmou uma cena duas vezes para o especial e, quando ia embora, foi chamado para fora do carro por Shmuel Rabinovich, rabino-mór do Muro e dos lugares sagrados de Jerusalém.
“Estamos muito felizes que você está aqui, na cidade de Jerusalém, a cidade que abriga a todos, a cidade que, dentro do próprio nome carrega a paz e carrega amor”, disse Rabinovich, em hebraico, com a ajuda de um tradutor brasileiro. “Espero que todas as rezas que você fez em Jerusalém possam cair sobre ti e sobre todos aqueles para quem você rezou”, continuou o rabino.
“O Rei Salomão quando construiu esse lugar, há mais de 2 mil anos, ele rezou e pediu a Deus que todas as rezas dos judeus e não judeus acontecessem independentemente de quem fosse a pessoa”, afirmou-lhe Rabinovich. “Aqueles que receberam a força para poder cantar como você canta têm uma força espiritual enorme e com certeza suas vozes chegam aos mundos divinos.” Roberto ficou com os olhos marejados e disse: “Tô emocionado”. Ambos se abraçaram, sob os olhares curiosos de judeus ortodoxos, rabinos e turistas. “Amém a nós todos”, disse Roberto.
O cantor começou a fazer as imagens no sábado, quando visitou a Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém. Na entrada da Basílica fica a pedra em que, segundo a tradição cristã, o corpo de Jesus Cristo foi repousado após ser tirado da cruz. Roberto ajoelhou-se ao lado da pedra enquanto uma mulher a limpava com um lenço. Foi também na basílica, na capela de Santa Helena, sozinho, que ele rezou mais e também se emocionou mais.
O cantor encarou ainda outro símbolo forte para os católicos: o calvário. Logo após o Santo Sepulcro, o cantor visitou o Monte das Oliveiras, onde fica a igreja na qual, também segundo a tradição, Jesus suou sangue e pronunciou a famosa frase “Pai, afasta de mim este cálice!”. Hoje, ele visitará um mosteiro no Deserto da Judeia e também o Domo de Pedra, um lugar sagrado para os muçulmanos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.