Roberto Carlos mostra superação e retoma o tempo perdido

d62.jpgRio (AE) – O cantor Roberto Carlos retoma o tempo perdido. Quase recuperado do transtorno obsessivo compulsivo (conhecido na área psiquiátrica como TOC), volta a fazer shows no exterior, onde não ia desde os anos 90, se expõe como nunca e promete um disco de inéditas para o fim do ano. Ele acaba de fazer o cruzeiro "Emoções para sempre", que levou 4.500 fãs para vê-lo e ouvi-lo em pleno mar, e já parte para Portugal, numa miniturnê, cujo ápice acontecerá no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, onde os 16 mil ingressos se esgotaram duas semanas antes. Em março, faz a despedida brasileira do tenor Luciano Pavarotti em Belo Horizonte, e parte para o Nordeste. Em maio, tem datas em Madri e nos Estados Unidos.

"Roberto fez progressos interessantes no tratamento do TOC. A idéia de participar, durante o cruzeiro, de um karaokê do público com músicas suas e cantar de improviso no fim foi uma das estratégias, com excelente resultado. Ele sentiu-se seguro com o carinho dos fãs", disse seu empresário, Dody Sirena. "Chamar o público para sua entrevista coletiva, fato inédito em artistas de seu porte, foi idéia dele, assim como falar enfaticamente de assuntos que nunca abordou em toda sua carreira."

Um desses temas foi a crítica ao atual governo que, segundo Roberto Carlos, decepcionou. Ele reconheceu que é difícil mesmo votar e espera que, em 2006, o eleitor acerte, mas, segundo pessoas ligadas a ele, não ficou satisfeito com sua fala. "Ele achou que faltou falar de sua confiança e entusiasmo com o Brasil, pois considera que só uma parte dos políticos não cumpre seu papel?, disse esse assessor. "E queria dizer também que confia no empresariado. Roberto acha que temos uma iniciativa privada competente e ativa.?

Outro sintoma de que ele está vencendo a doença é voltar às canções sensuais do início dos anos 70 (Café da manhã, Cavalgada, Os botões da blusa etc) ou aos rocks anteriores, com palavras que ele se recusava a pronunciar, como Negro gato. Mas ainda demora o público ouvi-lo cantar seu primeiro hit, Quero que vá tudo para o inferno. "Gostei de voltar a cantar Negro gato e também no jeito que ficou agora?, disse ele na entrevista coletiva do navio. "Aquela outra foi cogitada e pode ser que eu volte a cantá-la porque todo mundo pede. Mas não vai ser logo.?

Dia 19

Outro hábito que pretende retomar é comemorar seu aniversário (ele faz 63 anos em 19 de abril e está saradíssimo) com um show em que a renda bruta vai para instituições de caridade da cidade onde acontecer. "Desde a morte de sua mulher, Maria Rita, no dia 19 de dezembro de 1999, Roberto reservava o dia 19 de cada mês. Agora ele quer voltar a cantar neste dia e talvez já aconteça em 2006, numa capital nordestina a ser escolhida.?

Marketing para atrair público? Certamente, mas é inegável a sinceridade de Roberto Carlos nas letras e atitudes. Ele não teme parecer piegas (os fãs, dos 20 aos 80 anos, discordam com veemência) ou conservador. E certamente ninguém nega a competência para entender o que o público quer. A idéia do cruzeiro "Emoções para sempre", que reuniu, este ano e no passado, milhares de fãs num transatlântico, foi de Dody Sirena, acatada sem hesitação. E, já que está literalmente no barco, pensa em novas atrações para quem se dispõe a pagar US$ 1 mil (no mínimo) para se encharcar de Roberto Carlos (outra vez) em 2006.

Antes disso, ele faz a despedida de Luciano Pavarotti no Brasil. Eles cantaram juntos em 1997, em Porto Alegre. O tenor encantou-se com a relação de Roberto Carlos com a platéia e não teve ciúme da ovação que ele recebeu (maior que a sua) ao cantar a segunda parte de Il Sole Mio, um clássico napolitano. Pavarotti o convidou para dividir o show que será na Praça da Pampulha, em Belo Horizonte. "Será co-produzido pelo empresário Alexandre Accioly, que tem ligações com o governador Aécio Neves?, diz Sirena. "Aécio quer incluir Minas no circuito dos grandes espetáculos internacionais.?

Em maio, Roberto Carlos faz show em Madri, com gravação de DVD em espanhol e depois deve, ainda neste semestre, fazer turnê nos Estados Unidos, onde não lança disco nem se apresenta desde os início dos anos 90. "O interessante é que seu sucesso se mantém e os discos continuam em catálogo", conta Sirena. "Para eles, Roberto Carlos se preservou, como aconteceu com Chico Buarque aqui no Brasil. Quase não lança mais discos ou faz shows, mas mantém o carisma e o público não o esquece.?

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