Os 430 metros quadrados de uma casa branca, com 17 cômodos construídos na primeira metade do século 20, na rua Maria Angélica, no Rio, vão ser tomados por artistas plásticos, DJs, performers e videomakers. Raul Mourão, Joana e Julia Cseko, Alê Souto, Gilvan Nunes, Suzana Queiroga e Marcos Chaves, entre outros, mostram sua visão sobre o tema “Liberdade é pouco – o que eu desejo ainda não tem nome” em apenas três dias, a partir deste final de semana.
A frase que intitula a exposição foi retirada de “Perto do Coração Selvagem”, de Clarice Lispector. Pelo menos inicialmente seria uma resposta a uma frase ouvida pelo curador Bernardo Mosqueira de um bambambam das artes plásticas que dizia “não admitir excessos de liberdade”. “Depois virou mais uma vontade de acender a lanterna, para que os artistas não esqueçam o que as gerações antes deles passaram e batalharam”. Perguntado se existe liberdade irrestrita, Bernardo admite que “quando se fala em liberdade, a gente acaba falando de limites e possibilidades de escolha”.
Bernardo apenas tem 21 anos e esta é sua primeira grande curadoria. “Desde moleque eu gostava de ler, escrever e desenhar, mas todos os homens da minha família são engenheiros, então nunca pensei em fazer outra coisa a não ser engenharia. Mas comecei a estagiar e vi que eu ia surtar se ficasse nessa área, então decidi fazer jornalismo, para escrever. Depois disso, trabalhei uns dois anos no MAM”.
Provavelmente até por uma questão de geração, o jovem curador entrou em contato com 90% dos artistas que estão na exposição pelo site de relacionamentos Facebook. Em uma semana estava mais ou menos tudo decidido, ele conta. No início, ele imaginava que a mostra teria a participação de 15 artistas, mas quase todos os convidados foram aceitando e o desafio cresceu. “Montamos a exposição com 45 artistas, em 45 dias e com 45 reais”, ele brinca.
A exposição é relâmpago. Abre no sábado com uma festa para cerca de 600 convidados e duração de 12 horas, começando às 17 horas. O público tem a chance de visitar o lugar de domingo a terça, das 12 às 20 horas. “Mais cedo vão os avós, mais tarde, os artistas. Também teremos algumas performances”, diz Bernado.
A própria pista de dança é obra de arte. Trata-se de “The Place”, de Franz Manata e Saulo Laudares, um ambiente sonoro com parede fluorescente e DJs se revezando no som. Depois, a ocupação vira documentário. “Tudo está sendo gravado, desde as conversas com os artistas até a montagem, a festa e a visitação. Será uma documentação mais sensorial, visual, auditiva”, explica o curador.
“Liberdade é pouco – o que desejo ainda não tem nome”
Festa de abertura (somente para convidados): 13 de março, das 17 horas de sábado às 5 horas de domingo. De 14 a 16 de março (aberta ao público), das 12 às 20 horas. Entrada franca. Endereço: Rua Maria Angélica, 678, Jardim Botânico, Rio de Janeiro (RJ).