Acaba de chegar às bancas o vigésimo número da revista Idéias (84 páginas, R$ 6). Nessa edição especial, dedicada aos 312 anos da capital paranaense, Curitiba é exposta e dissecada por todo um time de observadores atentos, gente que quer entender melhor cada uma das mudanças que ela vive. E são muitas.
A publicação da Travessa dos Editores traz um conto inédito de Dalton Trevisan, A Longa Volta para Casa, escrito especialmente para este número da Idéias. A revista também publica um texto que, apesar de já haver causado muita polêmica entre os curitibanos, pode lhes ser útil como espelho – a cidade se reconhece ou abomina esse olhar que vem de fora? Trata-se de Curitiba, a Fria – Onde Jânio Quadros Comia Moscas, um irônico ensaio de Fernando Pessoa Ferreira.
De fato, são muitos os olhares sobre Curitiba, de quem aqui sempre viveu e fez história; de quem chegou de fora e adotou a cidade como morada; e de uma nova geração, aqui nascida, filha da imigração recente, que recebeu prontos – nem sempre os aceitando – aqueles adjetivos e slogans conhecidos em todo o Brasil, e talvez no mundo, de cidade modelo e capital de primeiro mundo.
"Me tornei curitibano, seja lá o que isso significa", diz o jornalista e escritor José Castello, um dos olhares atentos que escolheram a cidade para viver, assim como o músico Hermeto Pascoal, o poeta concretista Décio Pignatari e o filósofo Olavo de Carvalho.
O mito de Curitiba como cidade universitária é demolido pelo professor Paulo Venturelli; e o jornalista Fábio Campana revela a força da periferia de Curitiba, que já decide eleições e derruba outros mitos que se criaram em torno da cidade – o do povo trabalhador e cordato e o de uma cidade branca por excelência.
Em meio a tudo isso, histórias tocantes, como a do judeu polonês Davi Lorber, que conseguiu recuperar bens deixados para trás durante a Segunda Guerra; e as lendas e fatos em torno da Ponte da Amizade, entre Brasil e Paraguai, em Foz do Iguaçu. A importância econômica da região e os supostos males que se abatem sobre uma cidade que ganhou fama internacional como centro de contrabando. De fato, uma região que poucos conhecem a fundo e que merecia estudos mais demorados.