O Metallica retornou a São Paulo depois de quase 11 anos de ausência e trouxe a um público de 68 mil pessoas um show recheado de clássicos do thrash metal, ontem, no Estádio do Morumbi.
A banda norte-americana correspondeu às expectativas e fez uma apresentação marcada pela técnica refinada, espetáculos pirotécnicos e especialmente pela clara fase revigorada de seus músicos, todos com idade em torno de 45 anos, mas com fôlego suficiente para deixar boa parte do público com a sensação de ter visto um dos melhores espetáculos de rock pesado que passou pela capital paulista.
O show de ontem, que teve duração de pouco mais de duas horas e não contou com uma gota de chuva sequer, foi o segundo dos três que a banda está fazendo no Brasil como parte da turnê mundial de divulgação do álbum “Death Magnetic”, lançado em 2008.
O grupo abriu sua nova passagem pelo País na quinta-feira, dia 28, quando se apresentou em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Hoje, o Metallica faz um show-extra no Morumbi. Ainda restam ingressos para todos os setores do estádio.
Formada pelo guitarrista e vocalista James Hetfield, pelo baterista Lars Ulrich, pelo guitarrista Kirk Hammett e pelo baixista Robert Trujillo, a banda tocou 18 músicas na noite de sábado.
A apresentação foi realizada horas depois de o Metallica receber, no Salão Nobre do Morumbi, um disco de ouro pela venda no Brasil de mais de 45 mil cópias do álbum “Death Magnetic”, e um DVD de platina duplo, pela venda de mais de 60 mil cópias do DVD ao vivo “Orgulho, Paixão e Glória”, gravado no México durante a turnê mundial atual.
O show de abertura no Morumbi foi realizado pela banda brasileira Sepultura. Com uma apresentação bem mais curta que a do Metallica, o conjunto nacional tocou vários sucessos antigos, entre eles as músicas “Refuse/Resist”, “Dead Embryonic Cells”, “Arise”, Inner Self” e “Troops of Doom”, conseguindo empolgar o público presente, especialmente no final do show, com os clássicos “Territory” e “Roots Bloody Roots”.
A volta do Metallica
Depois do show do Sepultura e dos ajustes e montagens dos equipamentos do Metallica, as luzes se apagaram e os dois telões laterais do palco começaram a passar cenas do filme do gênero western “O Bom, o Mau e o Feio”, do diretor Sérgio Leone. A música de fundo foi a tradicional “The Ecstasy of Gold”, de Ennio Moricone, que a banda utiliza para a abertura de seus shows há tempos.
Na sequência, um imenso telão central se acendeu com a entrada do Metallica no palco tocando a clássica música “Creeping Death”, do álbum “Ride the Lightning”, que levou o público ao delírio de maneira imediata.
Em seguida, o vocalista James Hetfield perguntou se todos no estádio estavam prontos para o show e o baixista Robert Trujillo executou os primeiros acordes de “For Whom The Bell Tolls”, do mesmo álbum.
O ataque sonoro do Metallica vinha em doses cada vez mais pesadas e a banda emendou na sequência uma música de seu primeiro álbum, “Kill ‘Em All”, a rápida e nostálgica “The Four Horsemen”. Para amenizar um pouco a intensidade do show, os norte-americanos tocaram em seguida a cadenciada música “Harvester of Sorrow”, do álbum conceitual “…And Justice For All”, e a lenta e melodiosa “Fade to Black”, também do “Ride the Lightning”, que contou com Hetfield dominando um violão numa das partes superiores do palco que ficava logo acima do baterista Lars Ulrich.
Como o dia também era do “Death Magnetic”, o Metallica executou de uma vez três músicas do novo álbum: “That Was Just Your Life”, “The End Of The Line” e “The Day That Never Comes”.
Nas duas primeiras, mais aceleradas, o público permaneceu calmo e de uma maneira como se estivesse admirando o entrosamento da banda e a qualidade do som que saia dos equipamentos modernos e caros do conjunto.
Na terceira, que foi a primeira de trabalho do recente disco, um enorme coro de 68 mil vozes foi formado, confirmando que o som atual da banda também agrada os velhos e novos fãs.
Na sequência, espaço para o hit “Sad But True”, do mais popular álbum do Metallica, conhecido pelo público como “Álbum Preto” e que fez a banda romper as barreiras do heavy metal.
O vocalista Hetfield ofereceu a música especialmente ao Sepultura e viu novamente o Morumbi se unir para cantar a letra do começo ao fim. Aproveitando, as homenagens, dedicou a música seguinte ao povo brasileiro e iniciou os acordes de “Broken, Beat and Scarred”, do “Death Magnetic”, que manteve o público em estado de êxtase.
Sem dar tempo para a plateia respirar, o Metallica deu início ao seu espetáculo pirotécnico com a clássica música “One”, do álbum “…And Justice for All”. O palco se transformou num cenário simulado de guerra, com explosões e barulhos de tiros de metralhadoras. Depois, mais um sucesso, com a pesada, rápida e, ao mesmo tempo melodiosa, “Master of Puppets, do álbum de mesmo nome.
A pirotecnia imperava, e o Metallica trazia mais uma música do “…And Justice for All”, a ácida “Blackened”. Neste instante, as laterais do palco do Morumbi foram invadidas por labaredas enormes que aumentavam a sensação de calor do público, hipnotizado com a junção do som pesado e dos efeitos especiais da banda.
Depois de tocarem o hit “Nothing Else Matters”, do Álbum Preto, os norte-americanos voltaram com novos efeitos visuais na mais do que popular “Enter Sandman”, que foi de longe a mais cantada pelos fãs.
Após um brevíssimo descanso no camarim, a banda voltou ao palco para tocar a única música cover da noite. Homenageando o Queen, o Metallica trouxe “Stone Cold Crazy”, que faz parte do álbum “Garage Inc”, mostrando os rostos de várias pessoas da plateia no telão central, todas bastante envolvidas com a apresentação.
Para terminar, duas músicas do álbum “Kill ‘Em All” que fizeram novamente os fãs mais antigos vibrarem bastante. A primeira foi “Motorbreath”, que historicamente sempre foi pouco tocada nas apresentações da banda, mas que foi dada de presente ao público brasileiro, que teve a oportunidade de ser contemplado com um dos melhores set lists da parte latino-americana da turnê do Metallica. A segunda foi “Seek & Destroy”, pedida em coro pela plateia e correspondida à altura pela banda
Pouco antes da meia-noite, a banda se despediu dos fãs, mostrando que não apenas o público havia se divertido. De um lado, o guitarrista Kirk Hammett, filmava a reação dos presentes.
Do outro, Hetfield se enrolava nas diversas bandeiras brasileiras que foram jogadas pelo público ao palco. Por fim, a banda fez uma farta distribuição de palhetas e baquetas para a plateia da pista Vip.
Na saída do estádio, os comentários eram de que aquele havia sido um dos melhores shows de rock que São Paulo havia visto. Hoje, o palco é o mesmo e o Metallica tenta repetir a dose e mostrar que continua sendo a banda mais importante do heavy metal mundial na atualidade.