Aos 84 anos, a artista japonesa Yayoi Kusama mantém um invejável índice de popularidade, mesmo reclusa, desde que decidiu por vontade própria se internar numa clínica psiquiátrica quando retornou ao Japão, em 1977, depois de viver a vida louca na Nova York dos tumultuados anos 1960. Sucesso até entre usuários de jogos eletrônicos, suas bolinhas, imitadas por Damien Hirst, atraíram um público imenso para a exposição Yayoi Kusama: Obsessão Infinita, no Malba de Buenos Aires. A mostra, que será aberta no CCBB do Rio no próximo dia 11, para convidados, deve chegar a São Paulo em maio de 2014, depois de passar por Brasília em abril.

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Já no fim dos anos 1950, quando o espírito da arte pop começava a se espalhar pela América, Yayoi Kusama, então parte da turma dos performáticos nova-iorquinos, declarava que sua vida era um ponto, “uma partícula entre milhões de outras partículas”. Sua “obsessão infinita” era cobrir o mundo com esses pontos, ou melhor, com suas bolinhas, disposta a não deixar espaço sem sua marca registrada. Esse transe narcísico tem algo de patológico, o que é compreensível para uma filha de comerciantes obrigada pela mãe, que a castigava, a seguir o pai em suas escapadas extraconjugais.

Vítima de alucinações, ela descobriu uma forma engenhosa de lidar com suas fobias: trocou a rigidez de sua formação japonesa pela efervescente cena contracultural nova-iorquina dos anos 1960. Yayoi desembarcou em Seattle em 1958 e logo adotou Nova York, relacionando-se com expressionistas abstratos e o grupo pop que começava a se formar em torno da figura de Andy Warhol. Foi por essa época que nasceu sua série Redes Infinitas, pinturas com até 10 metros de largura que registravam a obsessiva repetição de arcos de pigmento branco.

YAYOI KUSAMA: OBSESSÃO INFINITA – CCBB-/RJ. Av. Primeiro de Março, 66, Rio, (21) 3808-2020. Abre dia 11. 4ª a 2ª, 9 h às 21 h. Em SP, a partir de maio.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.