Brasília
– “O modo de interpretar culturas é mestiço.” Com essa declaração, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, anunciou durante a semana a tônica da mesa-redonda “Diversidade cultural: diferenças são riquezas”. Organizado pelo Ministério da Cultura e pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), participaram do debate o filósofo Antônio Cícero, o poeta Décio Pignatari e o compositor José Miguel Wisnik.Gilberto Gil afirmou que a política cultural tem que respeitar a liberdade de expressão de cada indivíduo e o papel do Estado para regular essas manifestações. “Quais são os marcos legais? É preciso saber como vai se estabelecer a questão do direito autoral e a relação entre a indústria cultural brasileira e as estrangeiras”, definiu.
Ao discutir a reserva de mercado para a produção cinematográfica brasileira, o ministro foi enfático. “No Brasil, se discute se tem que haver uma política de cotas para a produção brasileira em relação à indústria da distribuição internacional de cinema. As rádios já fizeram isso quando se determinou que a música brasileira deveria ter um mínimo de 30% de execução garantida. Esses mecanismos podem e devem continuar a ser usados caso seja importante defender setores da indústria cultural brasileira.”
Comentando a declaração do ministro, o poeta Décio Pignatari concordou que não é salutar viver em uma sociedade fechada a outras culturas. Segundo o poeta, o problema ocorre quando o poder mercadológico impõe seu modo de produção, pois a relação torna-se hegemônica, o que acaba com a troca de influências. “Se você passa a vida toda se olhando no espelho, não se conhecerá, porque o outro é referencial. Cultura é instrumento de luta e poder”, criticou.
Durante o encontro, também foram lançados dois livros sobre o tema: Informe mundial sobre a cultura e Políticas culturais para o desenvolvimento: uma base de dados para a cultura.
