José Peón. |
Inaugurada no último dia 26 nas dependências do Museu Paranaense (Rua Kellers, 289 – Alto São Francisco), está aberta à visitação exposição em homenagem ao mestre gravador José Peón.
Portenho de nascimento, 1889, aqui desembarcou em outubro de 1914. Ao fazer o percurso de trem para Curitiba, não resistiu às belezas de nossa terra e em especial às da Serra do Mar, motivo mais que suficiente para aqui se radicar.
Pouco se sabe de sua vida antes da vinda para o Brasil. Filho de pais humildes, a necessidade o fez trabalhar cedo. Aos 15 anos já era respeitado burilista da Casa Horta y Cia., de Buenos Aires.
Em princípios de 1915 aqui estabeleceu sua oficina. Hábil no manejo do buril, a cunhagem de medalhas era sua especialidade. Estima-se que tenha cunhado quase 500. Suas placas comemorativas possuíam leveza e uma beleza inigualável. Já as inaugurais, igualmente belas, mas com a austeridade que a imortalidade exigia.
Sua arte fez escola. Inúmeros foram os que com ele aprenderam e se tornaram hábeis profissionais. Dentre seus alunos destacam-se: Eduardo Mueller Jr., José Tortatto, João Muelleken, Cristiano Winters, Juan Schebsdat e José Fernando Rutkoski.
Seu nome figurou como titular da cadeira de gravura quando da fundação da Escola de Música e Belas Artes em 1948, assim como, anteriormente, já fizera parte da Escola de Artes, fundada por Guido Viaro em 1937.
Constantemente procurado para a realização de trabalhos, sua fama atravessou fronteiras. Nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco também são encontradas obras de sua lavra.
A paixão pela Serra do Mar, paisagem que o encantara quando aqui chegou, a ponto de afirmar que era a fonte inspiradora de seu trabalho, levou-o a ser integrante da Bandeira Paranaense de Turismo (1933) e do movimento marumbinista (1942). Em 4 de setembro de 1938, juntamente com Alfonso Hatschbach e o casal Armin e Anna Henkel, após 15 tentativas infrutíferas, atingiram o cume do Pico Abrolhos, um íngreme paredão de 1.200 metros.
Todos os que o conheceram afirmavam que era excelente artista, mas um péssimo comerciante. Trabalhou muito, ganhou pouco e não fez fortuna. Seus últimos anos foram difíceis. Doente e sem poder trabalhar, sobreviveu graças à generosidade dos amigos que o ampararam com alimentos, medicamentos e moradia.
José Peón faleceu a 23 de setembro de 1972, deixando um legado importantíssimo para a história das artes plásticas do Paraná. Na exposição estarão expostas dezenas de medalhas de sua lavra e que fazem parte do acervo do Museu Paranaense, além de medalhões, placas, fotos e documentos, herança deixada ao povo da terra que adotou e amou nos quase 60 anos em que aqui viveu.
Na exposição poderão ser apreciadas medalhas, placas, documentos, objetos e fotografias, permanecendo até 1.º de outubro na Sala do Personagem Paranaense.
Carlos Alberto Brantes é membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.