Livros de viagem habitualmente oferecem descobertas ao leitor, especialmente quando o autor escreve sobre seus temas não como um acadêmico ou analista, mas como um observador que transmite suas emoções e por meio de uma escrita descritiva. Em “Amazônia de Euclides – Viagem de Volta a Um Paraíso Perdido” (Leya Brasil, 192 páginas, R$ 39,90), cujo lançamento ocorre hoje, na Livraria da Vila da Alameda Lorena, Daniel Piza atualiza as sensações despertadas em Euclides da Cunha (1866-1909) quando de sua viagem ao Alto Purus, no Acre, região fronteiriça com o Peru, em 1905.

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Naquele início de século 20, o autor de “Os Sertões” foi designado para liderar a comitiva mista brasileiro-peruana de reconhecimento da região. E, além de cumprir com os objetivos técnicos da missão (como mapeamento da área), Euclides coletou dados para uma análise histórica e social do extremo oeste da Amazônia, informações que resultaram nos livros “Contrastes e Confrontos” (1907) e “À Margem da História” (1909).

Com esses textos fundamentais à mão e acompanhado do repórter fotográfico Tiago Queiroz, Piza, editor executivo e colunista do jornal O Estado de S. Paulo, repetiu o trajeto final do itinerário euclidiano entre 4 e 15 de março do ano passado. Percorrendo a região em barcos, Piza e Queiroz repetiram Euclides e travaram um contato mais próximo com a população local. Uma das questões mais recorrentes na obra de Euclides é a relação entre civilização e barbárie – como na época acontecia o auge da economia extrativista da borracha, o escritor observou o trabalho semiescravo a que eram submetidos os seringueiros, além da brutalidade reservada aos índios.

Em sua viagem, Piza conheceu outra realidade. Não só a borracha deixou há muito de ter importância econômica, como a função não desperta saudade nos ex-seringueiros, hoje mais preocupados com a agricultura. “O que prevalece é a falta de perspectiva de emprego”, observa o escritor Milton Hatoum, autor do texto de apresentação do livro e com quem Piza participará hoje de uma conversa, na mesma Livraria da Vila, a partir das 19h30 – também haverá projeção das fotos de Queiroz.

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